quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Quanto custa???

...

Mais uma dose! A noite não parece acalmar minha agonia. Pelo fundo do copo percebo-a me olhando, lasciva. Acendo um cigarro para não ter que encará-la, mas já é tarde e ela agora está ao meu lado. Tem fogo? – ela pergunta. Estou em brasa, baby! – Eu não respondo. Apenas passo-lhe o isqueiro e pergunto seu nome. Ela ri. Eu não.

Algumas mentiras depois e estamos em um motel. O mesmo motel de sempre, fazendo o mesmo sexo de sempre. Ela adora, diz que a deixo louca. Eu concordo e minto mais um pouco. Deito na cama e ela vem por cima, com a pela dourada de sol, macia como seda. Cavalga freneticamente gritando e gemendo, jogando os longos cabelos de um lado para o outro enquanto eu, preso em meus pensamentos, fico olhando meu rosto no espelho do teto e me perguntando o que estou fazendo aqui.

A cena acaba. Ela se veste. Diz que só consegue gozar comigo. Eu minto também, não me importo. É melhor transar e se sentir uma pessoa normal do que ficar sozinho, mesmo tendo que fingir o orgasmo. Às vezes parece que somos os dois fingindo. Ela ainda me dá um beijo antes de partir, diz que não consegue viver sem mim. Eu acendo mais um cigarro e saio pela rua.

Estático, vazio, alienado e desorientado, a 120 quilômetros por hora na Avenida Independência. Outro cigarro que chega ao fim, a garrafa de uísque caída no banco do passageiro que já passou da metade, mas nada disso me liberta. Nada parece acalmar minha agonia. Chego ao fim da Avenida, dependente ainda de meus vícios e meus indícios de loucura. Entro na Governador e poucos metros adiante vejo uma prostituta. Nem sei se é mulher ou travesti, mas paro o carro.

Quanto custa? – Pergunto pela janela. A chupeta é 15 e 30 o completo – Responde debruçando-se na mesma janela. Fico quieto, olhando-a nos olhos, preso a uma vontade incontrolável de perguntar, de saber se é possível, se ela talvez poderia... Olha querido – ela interrompe meus pensamentos – se você quer o sexo diga logo, que eu já to perdendo cliente. Não, eu não quero sexo – respondo ainda fixo em seus olhos – Quero saber quanto custa pra você dizer que me ama. Olhar nos meus olhos e acariciar meu rosto. Deitar na minha cama e ficar ali comigo por horas, só sentindo o calor do corpo um do outro. Fazer amor ao invés de sexo. Beijar, beijar muito, com carinho, com amor. Esquecer do mundo real e pensar só em nós dois. Em nossa felicidade. Em como seria boa a vida se pudéssemos viver juntos, só eu e você. Sem dor, sem tristeza, sem agonia. Quanto custa o amor verdadeiro? Quanto custa para amar de verdade?

400 Reais! – ela diz – Mas não pode gozar dentro.



Originalmente publicado em http://fotolog.terra.com.br/verbo01:26 -
15/03/2008 14:53

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