quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Hallowed Be Thy Name

Hoje me sinto assim, como nessa música, apenas esperando o capataz me levar à forca. 

Sensação estranha essa, já que a forca é apenas uma figura de linguagem que nesse caso representa algo que eu tenho perseguido nos últimos anos de minha vida. Uma boa oportunidade de trabalho.

Engraçado isso. Não tenho como dizer não. Vão pagar o valor que eu quero, vou poder trabalhar da minha cidade, sem precisar ficar indo e voltando de São Paulo, vou poder inclusive sair no meio do trabalho para um compromisso de 11 dias e depois voltar como se nada tivesse acontecido, sem problema nenhum.

Na verdade, todos os empecilhos que eu coloquei na frente do trabalho, meus contratantes aceitaram e disseram que ainda assim querem que EU execute o mesmo. Sem contar o networking que sempre é interessante.

Então, porque diabos estou me sentindo como se eu estivesse vendado esperando o fuzilamento? Que merda é essa?

A verdade é que estou cansado.

A verdade é que precisava de um tempo pra mim. E não tenho esse tempo.

Na verdade não tenho tempo pra mim há um bom tempo. Se não é trabalho, é família. Se não é família é emergência. Sinto como se tudo na minha vida eu fosse obrigado a fazer, nada é por que eu quero. Não que eu não goste das coisas que eu faço, pelo contrário. Sou muito privilegiado. Trabalho com cinema em um país em que a produção é extremamente fechada, onde os fracos não tem vez. Mesmo quando a tarefa requer mover montanhas, a satisfação de ver o trabalho realizado, finalizado, é enorme. Eu gosto disso. Mas a impressão que eu tenho é que em todo o espectro da minha vida, desde as tarefas laboriais até as coisas mais simples como regar as plantas eu tenho feito porque TENHO que fazer, não porque eu quero, porque me dão prazer. Eu estou virando uma maquininha, um robô, a cada dia me sendo roubado o livre pensamento e substituindo-o por pensamentos práticos e objetivos. 

Não que isso seja fácil também. Minha cabeça é uma fábrica de absurdos e minha criatividade vai resistir até o fim, mas isso também não ajuda pois acaba resultando em dificuldade de gerenciar corretamente meu tempo e procrastinação no trabalho.

Sinto falta daquele momento sublime, sem amarras, onde suavemente tomamos uma decisão tomada pelos ventos do prazer que o ato nos dará: Hoje eu quero fazer isso!

Seja isso o que isso for...

Mas não me vejo com essa opção a não ser que eu negue esse trabalho. A não ser que eu feche essa porta e me veja excluído desse grupo.

Tem uma coisa muito errada nesse mundo.

E eu sinto que vai me faltar coragem de tomar a atitude certa. Ou na verdade vai me faltar sabedoria pra distinguir qual a atitude certa a ser tomada antes que o tempo se acabe. A forca se aproxima. Tenho só hoje para dar a resposta.

Me desejem sorte