segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Carta para Ela

É muito difícil chegar em casa e não me sentir mais em casa. Sentir como se o mundo já tivesse girado e eu ficado de fora do que mudou. Tudo que a gente construiu, tudo que a gente conquistou, tudo que a gente sonhou.

E fui embora. Eu. Escolha minha.

Estranho doer tanto. Achei que seria fácil, achei que seria leve. Não é.  

Você passou tanto tempo me dizendo que eu não devia ficar pedindo desculpas pelas coisas, mas cá estou de novo, no fim do nosso casamento, pedindo que me perdoe.

Me perdoe por não termos nos encontrado em outro momento, em um momento em que eu fosse mais maduro e já tivesse vivido os erros que almejo viver. Que eu soubesse ser homem o suficiente para acompanhar a mulher que é você. Que eu pudesse ser o pai dos seus filhos e respeitasse o sacrifício que custa para construir a fortaleza chamada família.

Me perdoe por ir embora desse jeito. Me perdoe se me viu chorando. Dói demais em mim também.

Eu sinto que você vai encontrar alguém melhor em breve. Alguém que cuide de você e lhe dê todo amor e atenção que você merece, que eu já não sei mais como fazer. Não deve ser difícil, você é uma pessoa maravilhosa. Sou eu quem quer viver aos tropeços da vida, bebendo água de sarjeta. Vai entender...

Me perdoe pela maneira como as coisas acabaram. Não era minha intenção terminar com tudo agora, no fim do ano. Eu queria mais tempo pra pensar. Também não era minha intenção terminar por telefone, que queria ter sido menos covarde e ter feito a coisa certa. Mas, no final da história, acho que é melhor assim, quando a dor vem toda de uma vez e a gente chora tudo o que tem pra chorar. Se continuássemos juntos era mais provável que eu ia apenas te fazer sofrer. E sofrendo iríamos até nosso amor acabar e não restar mais nada de nós dois, o que seria insuportável demais.

Digo isso pois eu já não sabia mais o que fazer para sustentar nosso casamento. Eu já estava até começando a aceitar a possibilidade de mentir para que as coisas continuassem como estavam. Mas isso não seria justo, nem com você e nem mesmo comigo.

Queria poder dizer que vai dar tudo certo sem cair em lágrimas. Porque realmente acredito nisso. Vai dar tudo certo sim. Só não vamos mais estar juntos. Por isso choro.

Me perdoe se essa carta está fazendo mais mal do que bem. Me perdoe se eu não sei quando parar. Me perdoe por eu não ter ido embora quando você achou que eu deveria. Quase me arrependo. Quem sabe na minha próxima vida eu aprendo.

No mais, só tenho a agradecer por todos os momentos felizes que passamos juntos. Por tudo que aprendi com você, por bem ou por mal. Por ter compartilhado com você a criação de 3 cachorros, um gato e um aquário... Ai... Como dói... Mas obrigado por me deixar dormir mais uma vez com eles e me ensinar a chamá-los de filhos. Obrigado.

Me perdoe se vou embora chorando... Se te deixo chorando também... Mas não sei mais o que fazer e não vejo mais como continuar senão deixando tudo pra trás. Já errei demais pra voltar atrás agora.


Eu te amo. E ainda assim, com toda essa dor, eu vou embora pra tentar me encontrar em outro lugar. Espero que um dia você me entenda, e me perdoe por partir.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Cá Estou Eu em Cambuquira

Cá estou eu em Cambuquira. Fugido ou refugiado, já não importa a diferença. Vim em busca de uma felicidade que não sei ao certo se iria encontrá-la. Conheço-a apenas por nome: liberdade!

Tem gente que acha que é fácil jogar tudo pra cima e começar de novo, mas não é bem assim a realidade. Tudo é um processo, e por vezes muito dolorido.

Estou cada vez mais perto da vida de descasado. Há tempos tomei a decisão racional de que isto era melhor pra mim. O difícil é o lado emocional. Como se separar de uma mulher que se ama? Como fazer algo que é melhor pra mim mesmo quando meu corpo, meu copo e meu peito caminham pra outra direção?

Não estava nos meus planos ficar sozinho novamente. Passei oito anos sofrendo sem amor pra ficar apenas 5 casado. Oito anos de sofrimento platônico contra 5 anos de muita coisa boa. Só não foi o suficiente, infelizmente.

Quando você acha que a troca não ocorre como deveria, quando não se recebe o preço que se paga, alguma coisa está errada.

Se soubessem como eu aprendi esses anos com ela... O quanto eu evoluí. Dá vontade de continuar junto. Só que pago caro por algo que não tenho tanto mais a retirar.

Pago com meu futuro, com meus sonhos, com minha vida que poderia vir a ser. E já não estava mais como nos propomos. Não estava.

Oito anos sozinho e me arriscando a continuar assim pelo resto da vida. Não acredito, mas não nego a possibilidade. Ainda assim me vale a pena. E desculpem se parecer simplesmente egoísmo, mas tenho certeza que depois da dor, será melhor para os dois. E não nego que a dor maior será dela. Minha dor veio parcelada, mês após mês. A dela vem a vista, sem desconto. Mas depois, vai ser melhor. Ela merece alguém que dê toda a atenção e cuidado de que ela precisa.

Eu é que não mais quero ter pra mim a obrigação de fazê-la feliz.

Só espero que ela não esqueça de como foi bom e como eu a fiz feliz pelo tempo que passamos juntos. Apesar de todas as merdas, eu posso dizer que fui feliz graças a ela.


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Caraminholas

A verdade é que estou infeliz faz tempo. Eu tenho vários momentos felizes. Vivo situações gostosas, engraçadas, divertidas... Mas minhas aspirações estão sempre em outro lugar e, como disse, faz tempo.

Não queria terminar com a Helô, mas parece que não tem mais saída. Tudo o que eu quero pra mim é longe dela. Ou não necessariamente longe dela, mas sozinho. Eu quero ir pra São Paulo, quero estudar, quero me dedicar a minha carreira. Não quero ter que dividir meu tempo com outra pessoa. Quero estar sozinho. Passei do limite dos sacrifícios que eu podia fazer para manter a relação. Não estou mais disposto a me doar tanto assim. Quero seguir meu rumo em alta velocidade e infelizmente não dá mais pra ficar esperando algo que talvez nunca venha.

O foda é que não sei como fazer isso. Não sei como me separar dela. Antes, quando estávamos brigando e ela estava depressiva parecia fácil, mas não o fiz por não achar justo. Ou talvez pois tivesse medo que que ela fosse fazer alguma coisa. Contra mim, contra ela mesmo, sei lá. Ou talvez até por não ter real certeza de que era isso mesmo que eu queria. 

Ainda não tenho na verdade. Ainda mais por agora estarmos aparentemente bem. Quer dizer, não brigamos. 

Aí o que é pior? Falar já e aguentar as consequências sem ter um bom plano ou planejar direito e me separar mais próximo do natal que é quando a mãe dela faleceu e ela estará mais vulnerável. Acho injusto fazer isso com ela. É foda.

Mas acho injusto comigo também voltar atrás e acreditar que é possível tentar mais uma vez. Que agora as coisas serão melhores. Que eu não mais serei infeliz. Vejo já o contrário se formando. Vejo ela sempre exigindo pelo meu carinho e retribuindo apenas do jeito dela, que atualmente não me satisfaz. Vejo as regras sendo dela, como sempre foram, sem que eu possa explorar ao máximo minha criatividade. Vejo os anos passando e ela ainda jogando na minha cara que eu transei com outra mulher. Vejo as coisas do jeito dela e eu sendo infeliz. Vejo eu fazendo ela infeliz ao forçar as coisas do meu jeito.

Não vejo mais futuro, esse que é o resumo da ópera.

I can hear it callin' me the way it used to do...

Vou meter o pé na estrada, como é meu destino. Cinco anos se passaram e não é como se eu nunca tivesse falado sobre isso. Nos enamoramos ao som de "Mania de Ser" do Casa das Máquinas, também chamada de "Pecados Banais". Pois esse é meu pecado, mesmo que banal. Seguir em frente, mesmo quando pros lados.

Ela precisa de alguém melhor do que eu. Não no sentido competitivo, mas alguém melhor pra ela. Eu quero que ela seja feliz. De verdade. Porque eu amo ela, de verdade. Jamais esquecerei as coisas boas que a gente viveu juntos. Porra, foi um casamento. Mas não quero também ser eu o motivo da infelicidade dela. Seja por literalmente encher o saco dela até machucá-la, como eu faço sem querer tantas e tantas vezes, ou seja por me sacrificar tanto pra vê-la feliz a ponto de ela nunca me ver feliz, apenas esmagado com sonhos apagados. E sei que isso a faria sofrer tanto quanto a mim.

Não é isso que se deseja a uma pessoa que se ama.

Não é isso que eu desejo pra gente.

Eu quero que ela seja feliz de verdade. Que ela vá fazer o tão sonhado curso em Cuba. Que ela faça mestrado, que more em Barão Geraldo, que veja suas amigas mais frequentemente, que faça tudo o que tem vontade. E por que não encontrar alguém que cuide dela e a faça feliz do jeito que ela quer? Que a fará se sentir melhor.

Ela é uma pessoa maravilhosa e merece tudo de bom que houver nesse mundo. E acredito que eu também.

E essa talvez seja a maior razão de eu decidir me separar.





sexta-feira, 2 de outubro de 2015

A Vil Caipora





Mulher, tal qual Lua cheia
Me ama e me odeia
Meu ninho de amor
Luar é meu nome aos avessos
não tem fim nem começo
Ó megera do amor!

Você é a vil caipora
Depois que me devora
Ó gibóia do amor!

Negar que me cospe aos bagaços
Que me enlaça em seus braços
tal qual uma lula do mar ...

Ó Lua Cheia, veve piscando
os seus óios para mim

Ó Lua Cheia, cê me ajudeia
desde o dia qu'eu nasci

O Sol me abandona no escuro
do teu reino noturno
ó feiticeira do amor

Ouvir o teu canto de sereia
é cair na tua teia
ó fada bruxa do amor

Uhm, negar que me cospe aos bagaços
Que me enlaça em seus braços
Tal qual uma lula do mar

Ó Lua Cheia, veve piscando
os seus óios para mim

Ó Lua Cheia, cê me ajudeia
desde o dia qu'eu nasci

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Ayahuasca


Fiquei com medo de estar expondo minha vida demais neste blog. Aliás, não só a minha vida, como a vida de pessoas próximas. Isso é um problema. Tornar público algo que é privado, sem o consentimento dos outros envolvidos, certamente vai dar problema. 

Esse blog mais parece um diário.

Cheguei a pensar em apagar os posts, em deixar apenas os títulos, ou em deixar as letras com a mesma cor do fundo para que os mesmos continuassem ali mas se tornassem "invisíveis" ao primeiro olhar. Mas acabei deixando. Deixo porque gosto do que escrevi, mesmo com desgosto. Gosto de me entender com palavras, de maneira que me esclareço dos meus sentimentos. E além disso, ninguém entra nesse blog. Absolutamente ninguém mesmo. 

Dito isso, seguimos ao título do post.

Participei de um ritual de Ayahuasca com meu irmão em Araçoiaba da Serra neste final de semana. Fui sozinho (sem ela) justamente por pensar que um ritual me ajudaria a decidir se continuaríamos juntos ou nos separaríamos como eu clamei no post anterior. Pois bem, o que estava decidido agora não passa de passado. 

Tomei o chá e chorei, chorei e chorei. Chorei não minha dor, mas a dor dela. E compreendi que a dor dela é real. Então resolvi aceitar parte dos conselhos dos amigos, que me incitavam a ser mais paciente, a não brigar mais com alguém que já estava ferido, a tentar compreender e ajudar o quan to eu posso.

A real é que eu estava sendo egoísta. Não que eu não soubesse. Eu compreendo a necessidade de cuidar de mim, de minha carreira, mesmo isso sendo egoísta, ainda é uma vontade. Mas por enquanto ela precisa muito de ajuda, especialmente da minha ajuda, que é quem está aqui por ela.

Terminado o ritual, saltei no carro. Não podia ficar mais um minuto longe da minha casa, longe da minha cama, longe da minha esposa.

Eu a amo. E por mais que eu pense em seguir os caminhos da razão, eu não consigo deixar de amá-la.


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Babe, I'm Gonna Leave You

Para ouvir enquanto faz a leitura do texto:



Está decidido! Por mais que me doa, que seja algo difícil, é mais interessante pra mim ir embora e abandonar este relacionamento que construí nos últimos 5 anos do que permanecer sofrendo. 

Não posso mais viver assim. Eu tenho sonhos, tenho aspirações, tenho muito trabalho pela frente e não posso ficar o tempo todo me atrasando para dar atenção a problemas de relacionamento. Chega! Uma hora tudo tem que acabar, então talvez esta seja a hora do meu casamento.

Sei que pareço leviano, mas não sou. Ainda mais quando essa decisão foi tomada logo após ela descobrir que tive um caso com outra mulher. Descobrir, não. Eu que contei. Os motivos de ter contado ainda são um mistério na minha mente, pois foi a pior coisa que eu podia ter feito. Foi como jogar uma granada no colo de um unicórnio e vê-lo tornar-se em um grifo com a explosão.

Ouvi, ouvi e ouvi. Sete dias e sete noites se passaram e eu ainda estava ouvindo o quão desprezível, cínico e hipócrita eu era. Quem, eu? Eu que fui sincero e contei que tive um caso? 

Cínico vou começar a ser agora aqui no texto. Aliás, cínico não é a palavra correta, Sociopata faria mais justiça com esse texto. Agirei como um. 

É incrível pensar que depois que eu traí minha esposa nossa relação sexual se tornou mais ativa. Será que fui eu que mudei? Ou será que foi o instinto de fêmea dela que captou os sinais e precisou de alguma forma garantir a continuidade da espécie através dos seus genes? Não sei. Só sei que trepamos muito e loucamente depois que dormi com outra mulher. Quando bebemos e cheiramos então, nossa!!! Coisa divina dos infernos!!!

Besta fui eu de falar pra ela que achava bom ter deitado com outra mulher pois nosso sexo tinha melhorado. Acordei com uma tesoura no meio das minhas bolas! Literalmente. Ela disse que estava brincando, que jamais faria isso, que foi só pra me assustar. Conseguiu, Agora durmo de olhos abertos.

A questão da separação em si até pode ser egoísta da minha parte. Não quero mais participar do sofrimento da vida dela e por isso vou pular fora. Pode ser. Mas não é por falta de dar tempo, de tentar ser paciente. E não é por falta de medo das coisas piorarem. Há um ano atrás ela tentou se matar. Agora tentou de novo. No meio da loucura quebra as coisas, me xinga, bate o carro. Tenta o êxtase supremo através das drogas que o psiquiatra prescreve misturadas com álcool, mas jamais irá preencher o vazio dessa forma. Não é assim que encontramos redenção. Quando procuramos ela nunca vem. Eu sei, já procurei assim.

Dizem que nosso casamento acabou naquela época da primeira tentativa de suicídio, Pode ser. Resisti mais um ano. Por amor, por crença, por ter medo de abandoná-la e ela fazer alguma besteira. Sei lá. Só sei que a hora é agora. 

Sinto a estrada me chamando, os sonhos, as possibilidades... Ahhhh, as possibilidades. São tantas. Posso até nunca mais encontrar alguém como ela, eu sei. Não acredito, mas é possível. Que eu fique o resto da minha vida azedo e sozinho enquanto ela decida casar e ter filhos com o primeiro babaca que parecer melhor do que eu.

Sei lá essa vida de solteiro como vai ser também. Nunca fui de pegar mulher. Talvez agora eu esteja um pouco mais bem treinado. Ou talvez eu continue minha vida sexual com cartão fidelidade no puteiro. Não sei mesmo. Mas tudo me parece empolgante, tudo me parece interessante, tudo me parece valer a pena.

Difícil vai ser dividir nossas coisas. Não aquelas compradas, mas as que foram construídas com o tempo. Plantas e cachorros, por exemplo. Já sei que não terei nenhum cachorro. E quanto as plantas duvido que terei espaço pra elas no apartamento em São Paulo que eu provavelmente vá morar. 

Mas se eu quero cinema, se eu quero ser artista, se eu quero essa carreira, então a escolha me parece certeira. Oras, até uma ex-mulher me parece cair bem nesse perfil. Por que entre todos seria eu o único que não é socialmente disfuncional? Antes eu não gostasse tanto dos roteiros do Woody Allen, aquele velho escroto.

O que acabei não compartilhando com vocês no meio dessa besteira toda é que não tenho condições de ir embora agora. Pois é. Condições financeiras principalmente. Só pra devolver essa casa pintada vai uns 2 mil reais. Sem contar que não posso fugir direto pra São Paulo pois preciso terminar o meu curta aqui em Campinas. Então eu teria que achar um local temporário aqui pra depois ir pra outro lugar... Não, muito rolo, muito problema. Minha casa também é minha. Ajudei a construir e paguei a maior parte. Vou dar um tempo aqui ainda. Alguns meses.

Como vai funcionar essa relação é que é o grande mistério. Já falei pra ela que queria me separar. Não foi fácil. Mas depois de um tempo ela pegou na minha mão e olhou fundo nos meus olhos, dizendo que eu não iria embora. Que a gente se ama.

Então acho que ela vai tentar me convencer a ficar... 

Só não posso me deixar enganar. Só isso. Porque eu sei como é bom. E já passei por isso outras vezes. Nunca cheguei tão longe, mas outras vezes que havia sentido vontade de ir embora, fui me acomodando pelas coisas gostosas que me cercam, esquecendo que minha vida se torna um inferno a cada 3 giradas do relógio. 

É hora de ser mais radical! Decidi até ficar sem fumar maconha, pois quando eu fumo fico bonzinho e começo a pensar que as coisas não estão tão ruins assim, que podemos consertar, que as coisas vão mudar. Mas não vão, eu sei. Em 1 ano não mudou nada. Em 3 anos mudou tão pouco que eu até já me cansei das mudanças antes de elas acontecerem, de tanto que falei sobre a necessidade delas constantemente. 

Agora, a pior parte realmente é o sexo. Estou evitando transar. Estou inclusive tentando me masturbar sempre que começo a ficar excitado para me aliviar antecipadamente e não correr o risco de cair no meio das pernas dela. Porque o sexo com ela é simplesmente maravilhoso! E uma armadilha muito perigosa. Eu costumo fazer qualquer coisa quando estou embriagado pelo sexo dela. E facilmente desistiria do meu plano. Ainda mais agora que ela está depiladinha.... Não posso nem pensar!

Tenho que lembrar da estrada, do futuro, das minhas grandes aspirações.

Não nasci para ser apenas um. Serei vários. Serei o próximo e buscarei me encontrar em cada esquina, pois me cabe melhor esse papel.

Eu vou. Em breve. Só não me deixar apaixonar novamente.

sábado, 15 de agosto de 2015

Encruzilhada

Por acaso passo por essa postagem antiga minha, de 2007.

http://verbo1.blogspot.com.br/2009/08/encruzilhada.html

Na época se tratava da Cinco pras Duas, mas foi bom ler neste momento.

Justificativas e Paciência

O que vale mais para um homem, mentir e manter-se vitorioso ou falar a verdade e suportar as consequências dos seus atos?

Eu optei pelo segundo e não estou suportando mais. Não consigo entender realmente como possa doer tanto... De onde vem esse sentimento de traição que não aceita outra versão, outra ideia de amor? Será a tradição católica pesando nos ombros como patas de mamutes? Ou será um bloqueio minuciosamente colocado na mente através dos anos graças a um ressentimento de outrem durante a criação?

Novamente opto pelo segundo.

E ainda assim sou chamado de cínico, de egoísta, de filha da puta. Sou ameaçado, ora na piada, ora seriamente. Como numa novela mexicana, a vontade de vingança escapa dos lábios dela em minha direção como cobras afiadas. “Vou gozar muito no pau de outro cara”. Quando você menos esperar, vai ter o que merece”. Ora, até “Vou cortar suas bolas fora” eu tive que ouvir.

Por que? Como a vingança pode trazer qualquer coisa de bom? Se quer gozar no pau de outro cara, que o faça! Mas por prazer, sempre! Nunca por vingança. Faço algum sentido em meus pensamentos?

Não consigo entender, de verdade, onde tudo isso vai parar. Poderia eu ter ficado quieto, como disseram-me todos e todas desde que me conheço por gente, assim como gritava meu instinto. Mentir é se preservar. Mas nesse mundo louco que vivemos, resolvi ser diferente da maioria. Resolvi ser sincero comigo, e com quem eu amo.

Então contei pra ela, por escolha própria, e detalhei parte por parte, minuto a minuto, por escolha dela. E ela quis saber de tudo. E eu, tolo e inocente que sou, caí como um patinho.

Houve um papo de compreensão. Houve algumas horas de evolução. E agora já alguns dias de depressão, raiva e medo.

Estou aqui, trancado no quarto esperando uma resolução. Minha, não dela. Nem imagino o que ela vai dizer, o que ela vai querer, o que ela vai fazer.

Dormir com outra mulher foi um ato egoísta sim, mas isso não significa que eu seja egoísta o tempo todo, de maneira nenhuma. Não depois de ter me dedicado todo esse tempo por ela. Não depois de ter esperado esse tempo todo por ela. Não. Não acho justo.

Não acho que ela seja obrigada a conviver com isso, mas não me lembro de nunca ter dito que eu acredito na monogamia. Pelo contrário. Me lembro muito bem que quando nos conhecemos eu pesquisava participar da ong “Fuck for Forest”. Me lembro de sempre falar sobre Menages e putarias diversas. Me lembro de falar de amor livre e apresentar Hair como um dos meus filmes favoritos. Me lembro de falar da visão do Fela Kuti quando assistimos juntos seu documentário.

Me lembro de tanta coisa... E não vou negar que lembro dela me pedindo para não fazê-lo. Que eu sabia que no fundo isso a magoaria... Como se esses argumentos me justificassem. Sei que não.

Mas é que a vida toda eu me fiz acreditar que as coisas poderiam funcionar de outro jeito. E jamais pensei que ela, a quem faço minha rainha, pudesse simplesmente responder como uma esposa comum, uma dona de casa de novela da Globo.

Existe a questão da depressão e das variações químicas no cérebro graças a um inúmero de drogas. Pior quando misturadas com álcool, apesar das minhas advertências. Isso me parece ser mais latente do que a questão da traição em si.

Até porque, pensando bem agora, que justiça é essa de me chamar de cínico, quando ela se coloca na mesma posição. Ou não seria cínica uma pessoa que promete incontáveis vezes que vai fazer algo a respeito mas continua repetindo os mesmos erros? Que nem ao menos toma seu remédio direito, que continua escolhendo o caminho da dor e do sofrimento todas às vezes.

Eu sei que é uma doença... E me falam o tempo todo que eu preciso ser paciente. Mas são quase três anos de paciência e não sei quando nem quanto disso vai mudar.

Penso de novo em ir embora. Me sinto sozinho quando ela está nesse estado.

E me dói muito, pois essa não é ela. E como explicar para uma pessoa que ela não está pensando as coisas direito. Como mostrar que não é uma questão de relacionamento, mas de desequilíbrio. Como fazer isso sem ofender, sem parecer arrogante, sem desmerecer os pensamentos e sentimentos dela.

Ainda não sei fazer. Cada vez que abro a boca parece que só pioro as coisas.

Fumo pra me acalmar, pra conversar como um cavalheiro. Mas a maioria das vezes já é tarde demais.


Só me resta esperar.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Mais um pouco da minha ressaca

Como posso me sentir assim, sempre de fora, sempre um outcast? Por mais popular que eu seja parece que não consigo pertencer a nenhum grupo especifico e, pior ainda, parece sempre que o grupo dos legais me deixa de fora. 

Estranho. Questionei recentemente minha maturidade. Achei que já havia chegado. Que já era adulto. Então vejo que onde eu queria estar as pessoas são todas 10 anos mais velhas, 20 anos mais experientes e 30 segundos mais atraentes.

Invejo elas e menosprezo o meu não pertencimento, o que comprova ainda mais minha imaturidade, especialmente emocional. Me sinto tão distante dessa tranqüilidade, dessa coolness, que chego a me apaixonar platonicamente como só fazia quando jovem. E por mais bonito que eu pense ser tudo isso, os anos me provaram que esse falso amor só serve para me fazer de idiota.

Ainda assim eu sinto uma vontade incontrolável de pegar na sua mão e atravessar os oceanos. De sair correndo em direção ao pôr do sol sem nunca olhar pra trás. Vontade de escrever essas besteiras desconexas e achar que toda palavra soa poesia.

Mesmo sabendo de que não é disso que se trata nossa relação. Não é o amor que cantou Vinicius, mesmo sendo eterno enquanto dure. Não é o amor do Tom Zé que espalha pelo céu Beatles à granel. É o amor da flor de cactos, dos Secos e Molhados. É o amor brincante das tardes de verão e das noites de inverno. É o amor descompromissado de dois quase apaixonados que se unem e se lambem e se bebem e se fodem, como se fossem só o que restasse de bom do mundo lá fora.

Um amor que não pode ficar sério pois deixaria de sê-lo. Um amor que não pode subir a serra pois se tornaria algo inferior do que é. Perfeito e sublime como deve ser, amantes apenas, com suas vidas e seus medos trancados pra fora desse quarto de paixões.

Nesse quarto onde esqueço que não sou herói, que não sou maduro, que não sou adulto.

Apenas sou, dentro de você.

Nada mais

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Reflexões da manhã seguinte


Quem sabe sou eu realmente que não sou maduro ainda. Quem sabe dizer se alguma vez já fui. Acho que não. 

E no meio da minha escalada ao mundo adulto, continuo tentando resgatar minhas infantilidades só pra sentir de novo algo que nunca tive, que se tratava apenas de sonho, de um coração platônico. 

Por que esse sentimento, a essa altura do campeonato, vem me confundir? 

Por que depois de tanto tempo, depois de ter tantas certezas, eu faço a proeza de por tudo a perder? 

Arriscando minhas conquistas em nome do impalpável. Apostando a solidez em troca de um salto no escuro. 

Machucando quem eu amo simplesmente por eu não conseguir entender quem eu sou por completo. Ora, nem mesmo quem eu sou pela metade. E minha cara metade sofrendo com minhas meia palavras. 

33 anos. 

Ainda tenho muito o que aprender. Ainda me sinto apenas uma criança no meio de gigantes. Todos adultos, todos amigos, todos bem resolvidos. E eu preso na inocência eterna do romântico que sou. 

Sou criança ainda, perdido no tempo. 

Por quanto tempo?

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Aos 33 anos

Quem sou eu que repete as mesmas ações o tempo todo? Quem sou eu que me apaixono por qualquer uma e sofro depois pelo coito não concebido? Ou pior, quando justo você, meu amigo, que tanto quero comigo, não permite nem ao menos invejar o relacionamento recém adquirido já quem ambos são pra mim tão queridos.

Me sinto com 20 anos novamente. Na data dos meus 33. Minha chamada amada, nem uma telefonada. Por que, me pergunto, por que? É injusto da minha parte esperar que ao menos hoje a preferência seja minha?

Se por todos os lados, as pessoas, só abraços. Um carinho que há anos não recebia... De tantas formas e de tantos braços, o amor que eu merecia.


Quais serão os mistérios reservados no meu futuro? Quem serei eu quando conquistar meus objetivos. 
Esse talvez não seria um deles? Ser amado por alguém. Um outro alguém.

Alguém como você, que me aparece 10 anos mais velha, mulher, cheia de si, de sensualidade. Capaz de despertar em mim algo que há tanto tempo eu não sentia. Ou se sentia, reprimia. E quando reprimia, parte de mim morria, mesmo sem saber.

Achando que estava amadurecendo... Com 33 anos e novamente platonizando o amor, as relações e as intenções.

Vontade lazarenta de jogar tudo pra cabeça e seguir em frente.

43 anos, ela tinha. E lá estava eu, mal a conhecendo, prestes a pedi-la em casamento.

Deveria ao menos ter pego seu telefone


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Sinais da Depressão

    Trabalho sem parar. Horas a fio, sem descanso, sem folga, várias semanas. Faço tudo isso sem pensar em nada. Com o cérebro zumbiônico, como se anestesiado por uma força truculenta e esmagadora, evito olhar nos olhos dela com medo de ser desintegrado. Ou seria corrompido? Já nem sei mais a diferença.

    Tenho uma meta apenas: sobreviver. Aguentar mais um dia pra poder chegar em casa com um cheque magro e sem gosto. Pagar minhas contas e a enorme quantidade de juros que invadem meu café da manhã em cobranças através de telefonemas intermináveis. Todo dia, dia a dia. Já nem sei mais que conta eu paguei, pra qual banco eu devo.

    Chego em casa e não sinto alívio. Durmo dois dias inteiros e ainda não descanso. Não encontro conforto, sabendo que na manhã seguinte preciso me vender novamente ao mercado. Não consigo relaxar sabendo que tantos problemas (que não fui eu quem criou) dependem exclusivamente do meu suor e da minha gana para serem resolvidos. Estou sendo mal pago pra isso.

    Levanto a cabeça com um certo falso orgulho. O trabalho dignifica. É o que nos faz homens! Vontade desgraçada de ser bicho, de cagar no mato, de uivar pra lua. Carpe diem eterno para quem não tem noção de passado e futuro. Benção reservada apenas aos mais ignorantes ou aos mais iluminados. Para os outros 7 bilhões que não são nem ignorantes nem iluminados, nos resta o sofrimento. 

    E esse sofrimento nem sempre vem em forma de dor. Esse sofrimento nem sempre vem em forma de choro. Ele vem sorrateiro, cheio de marasmo, tirando o prazer da vida pouco a pouco. Deixando tudo cinza, anêmico, incompreensível. O vinho não tem mais sabor. As piadas não tem mais graça. Só o relógio na parede, tic tac, segundo após segundo de intermináveis horas de solidão. Mesmo com amigos e amados em volta. Ninguém compartilha do sofrimento e o pobre rapaz sofre calado.

    Pobre rapaz? Pobre de mim que escrevo estas palavras desnecessárias quando deveria estar trabalhando. Pobre de mim que fico no escritório pensando em estar em casa e fico em casa pensando no trabalho. Pobre de mim que não sei dançar, que não sei cantar, que deixo o violão se empoeirar. 

    Pobre de mim que sou pobre. Que não tenho dinheiro pra fazer as coisas que eu gosto e gasto dinheiro com coisas que eu não preciso. Que busco um futuro promissor mas não sei mais pra onde meu presente está me levando.

    Pobre. Pobres desejos. Pobres palavras. Paupérrima vida.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Emprego Novo

É difícil

Pau de arara, grilhões, cartão de crédito
Navio negreiro, correntes, aluguel
Sociedade hipócrita, carrascos são vítimas
E as vítimas os próprios carrascos

Já não enxergam o horizonte por cima de suas tralhas requintadas
Já não se lembram como era não dever
Quem não deve não teme

Acorda, tá na hora
Tome banho, faça a barba, escolha um sorriso no armário
Vá de carro, financiado
E não esqueça o notebook que ainda nem terminou de pagar
Sem ele, não poderá paga-lo

Você precisa de um celular novo

É difícil