terça-feira, 25 de agosto de 2015

Ayahuasca


Fiquei com medo de estar expondo minha vida demais neste blog. Aliás, não só a minha vida, como a vida de pessoas próximas. Isso é um problema. Tornar público algo que é privado, sem o consentimento dos outros envolvidos, certamente vai dar problema. 

Esse blog mais parece um diário.

Cheguei a pensar em apagar os posts, em deixar apenas os títulos, ou em deixar as letras com a mesma cor do fundo para que os mesmos continuassem ali mas se tornassem "invisíveis" ao primeiro olhar. Mas acabei deixando. Deixo porque gosto do que escrevi, mesmo com desgosto. Gosto de me entender com palavras, de maneira que me esclareço dos meus sentimentos. E além disso, ninguém entra nesse blog. Absolutamente ninguém mesmo. 

Dito isso, seguimos ao título do post.

Participei de um ritual de Ayahuasca com meu irmão em Araçoiaba da Serra neste final de semana. Fui sozinho (sem ela) justamente por pensar que um ritual me ajudaria a decidir se continuaríamos juntos ou nos separaríamos como eu clamei no post anterior. Pois bem, o que estava decidido agora não passa de passado. 

Tomei o chá e chorei, chorei e chorei. Chorei não minha dor, mas a dor dela. E compreendi que a dor dela é real. Então resolvi aceitar parte dos conselhos dos amigos, que me incitavam a ser mais paciente, a não brigar mais com alguém que já estava ferido, a tentar compreender e ajudar o quan to eu posso.

A real é que eu estava sendo egoísta. Não que eu não soubesse. Eu compreendo a necessidade de cuidar de mim, de minha carreira, mesmo isso sendo egoísta, ainda é uma vontade. Mas por enquanto ela precisa muito de ajuda, especialmente da minha ajuda, que é quem está aqui por ela.

Terminado o ritual, saltei no carro. Não podia ficar mais um minuto longe da minha casa, longe da minha cama, longe da minha esposa.

Eu a amo. E por mais que eu pense em seguir os caminhos da razão, eu não consigo deixar de amá-la.


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Babe, I'm Gonna Leave You

Para ouvir enquanto faz a leitura do texto:



Está decidido! Por mais que me doa, que seja algo difícil, é mais interessante pra mim ir embora e abandonar este relacionamento que construí nos últimos 5 anos do que permanecer sofrendo. 

Não posso mais viver assim. Eu tenho sonhos, tenho aspirações, tenho muito trabalho pela frente e não posso ficar o tempo todo me atrasando para dar atenção a problemas de relacionamento. Chega! Uma hora tudo tem que acabar, então talvez esta seja a hora do meu casamento.

Sei que pareço leviano, mas não sou. Ainda mais quando essa decisão foi tomada logo após ela descobrir que tive um caso com outra mulher. Descobrir, não. Eu que contei. Os motivos de ter contado ainda são um mistério na minha mente, pois foi a pior coisa que eu podia ter feito. Foi como jogar uma granada no colo de um unicórnio e vê-lo tornar-se em um grifo com a explosão.

Ouvi, ouvi e ouvi. Sete dias e sete noites se passaram e eu ainda estava ouvindo o quão desprezível, cínico e hipócrita eu era. Quem, eu? Eu que fui sincero e contei que tive um caso? 

Cínico vou começar a ser agora aqui no texto. Aliás, cínico não é a palavra correta, Sociopata faria mais justiça com esse texto. Agirei como um. 

É incrível pensar que depois que eu traí minha esposa nossa relação sexual se tornou mais ativa. Será que fui eu que mudei? Ou será que foi o instinto de fêmea dela que captou os sinais e precisou de alguma forma garantir a continuidade da espécie através dos seus genes? Não sei. Só sei que trepamos muito e loucamente depois que dormi com outra mulher. Quando bebemos e cheiramos então, nossa!!! Coisa divina dos infernos!!!

Besta fui eu de falar pra ela que achava bom ter deitado com outra mulher pois nosso sexo tinha melhorado. Acordei com uma tesoura no meio das minhas bolas! Literalmente. Ela disse que estava brincando, que jamais faria isso, que foi só pra me assustar. Conseguiu, Agora durmo de olhos abertos.

A questão da separação em si até pode ser egoísta da minha parte. Não quero mais participar do sofrimento da vida dela e por isso vou pular fora. Pode ser. Mas não é por falta de dar tempo, de tentar ser paciente. E não é por falta de medo das coisas piorarem. Há um ano atrás ela tentou se matar. Agora tentou de novo. No meio da loucura quebra as coisas, me xinga, bate o carro. Tenta o êxtase supremo através das drogas que o psiquiatra prescreve misturadas com álcool, mas jamais irá preencher o vazio dessa forma. Não é assim que encontramos redenção. Quando procuramos ela nunca vem. Eu sei, já procurei assim.

Dizem que nosso casamento acabou naquela época da primeira tentativa de suicídio, Pode ser. Resisti mais um ano. Por amor, por crença, por ter medo de abandoná-la e ela fazer alguma besteira. Sei lá. Só sei que a hora é agora. 

Sinto a estrada me chamando, os sonhos, as possibilidades... Ahhhh, as possibilidades. São tantas. Posso até nunca mais encontrar alguém como ela, eu sei. Não acredito, mas é possível. Que eu fique o resto da minha vida azedo e sozinho enquanto ela decida casar e ter filhos com o primeiro babaca que parecer melhor do que eu.

Sei lá essa vida de solteiro como vai ser também. Nunca fui de pegar mulher. Talvez agora eu esteja um pouco mais bem treinado. Ou talvez eu continue minha vida sexual com cartão fidelidade no puteiro. Não sei mesmo. Mas tudo me parece empolgante, tudo me parece interessante, tudo me parece valer a pena.

Difícil vai ser dividir nossas coisas. Não aquelas compradas, mas as que foram construídas com o tempo. Plantas e cachorros, por exemplo. Já sei que não terei nenhum cachorro. E quanto as plantas duvido que terei espaço pra elas no apartamento em São Paulo que eu provavelmente vá morar. 

Mas se eu quero cinema, se eu quero ser artista, se eu quero essa carreira, então a escolha me parece certeira. Oras, até uma ex-mulher me parece cair bem nesse perfil. Por que entre todos seria eu o único que não é socialmente disfuncional? Antes eu não gostasse tanto dos roteiros do Woody Allen, aquele velho escroto.

O que acabei não compartilhando com vocês no meio dessa besteira toda é que não tenho condições de ir embora agora. Pois é. Condições financeiras principalmente. Só pra devolver essa casa pintada vai uns 2 mil reais. Sem contar que não posso fugir direto pra São Paulo pois preciso terminar o meu curta aqui em Campinas. Então eu teria que achar um local temporário aqui pra depois ir pra outro lugar... Não, muito rolo, muito problema. Minha casa também é minha. Ajudei a construir e paguei a maior parte. Vou dar um tempo aqui ainda. Alguns meses.

Como vai funcionar essa relação é que é o grande mistério. Já falei pra ela que queria me separar. Não foi fácil. Mas depois de um tempo ela pegou na minha mão e olhou fundo nos meus olhos, dizendo que eu não iria embora. Que a gente se ama.

Então acho que ela vai tentar me convencer a ficar... 

Só não posso me deixar enganar. Só isso. Porque eu sei como é bom. E já passei por isso outras vezes. Nunca cheguei tão longe, mas outras vezes que havia sentido vontade de ir embora, fui me acomodando pelas coisas gostosas que me cercam, esquecendo que minha vida se torna um inferno a cada 3 giradas do relógio. 

É hora de ser mais radical! Decidi até ficar sem fumar maconha, pois quando eu fumo fico bonzinho e começo a pensar que as coisas não estão tão ruins assim, que podemos consertar, que as coisas vão mudar. Mas não vão, eu sei. Em 1 ano não mudou nada. Em 3 anos mudou tão pouco que eu até já me cansei das mudanças antes de elas acontecerem, de tanto que falei sobre a necessidade delas constantemente. 

Agora, a pior parte realmente é o sexo. Estou evitando transar. Estou inclusive tentando me masturbar sempre que começo a ficar excitado para me aliviar antecipadamente e não correr o risco de cair no meio das pernas dela. Porque o sexo com ela é simplesmente maravilhoso! E uma armadilha muito perigosa. Eu costumo fazer qualquer coisa quando estou embriagado pelo sexo dela. E facilmente desistiria do meu plano. Ainda mais agora que ela está depiladinha.... Não posso nem pensar!

Tenho que lembrar da estrada, do futuro, das minhas grandes aspirações.

Não nasci para ser apenas um. Serei vários. Serei o próximo e buscarei me encontrar em cada esquina, pois me cabe melhor esse papel.

Eu vou. Em breve. Só não me deixar apaixonar novamente.

sábado, 15 de agosto de 2015

Encruzilhada

Por acaso passo por essa postagem antiga minha, de 2007.

http://verbo1.blogspot.com.br/2009/08/encruzilhada.html

Na época se tratava da Cinco pras Duas, mas foi bom ler neste momento.

Justificativas e Paciência

O que vale mais para um homem, mentir e manter-se vitorioso ou falar a verdade e suportar as consequências dos seus atos?

Eu optei pelo segundo e não estou suportando mais. Não consigo entender realmente como possa doer tanto... De onde vem esse sentimento de traição que não aceita outra versão, outra ideia de amor? Será a tradição católica pesando nos ombros como patas de mamutes? Ou será um bloqueio minuciosamente colocado na mente através dos anos graças a um ressentimento de outrem durante a criação?

Novamente opto pelo segundo.

E ainda assim sou chamado de cínico, de egoísta, de filha da puta. Sou ameaçado, ora na piada, ora seriamente. Como numa novela mexicana, a vontade de vingança escapa dos lábios dela em minha direção como cobras afiadas. “Vou gozar muito no pau de outro cara”. Quando você menos esperar, vai ter o que merece”. Ora, até “Vou cortar suas bolas fora” eu tive que ouvir.

Por que? Como a vingança pode trazer qualquer coisa de bom? Se quer gozar no pau de outro cara, que o faça! Mas por prazer, sempre! Nunca por vingança. Faço algum sentido em meus pensamentos?

Não consigo entender, de verdade, onde tudo isso vai parar. Poderia eu ter ficado quieto, como disseram-me todos e todas desde que me conheço por gente, assim como gritava meu instinto. Mentir é se preservar. Mas nesse mundo louco que vivemos, resolvi ser diferente da maioria. Resolvi ser sincero comigo, e com quem eu amo.

Então contei pra ela, por escolha própria, e detalhei parte por parte, minuto a minuto, por escolha dela. E ela quis saber de tudo. E eu, tolo e inocente que sou, caí como um patinho.

Houve um papo de compreensão. Houve algumas horas de evolução. E agora já alguns dias de depressão, raiva e medo.

Estou aqui, trancado no quarto esperando uma resolução. Minha, não dela. Nem imagino o que ela vai dizer, o que ela vai querer, o que ela vai fazer.

Dormir com outra mulher foi um ato egoísta sim, mas isso não significa que eu seja egoísta o tempo todo, de maneira nenhuma. Não depois de ter me dedicado todo esse tempo por ela. Não depois de ter esperado esse tempo todo por ela. Não. Não acho justo.

Não acho que ela seja obrigada a conviver com isso, mas não me lembro de nunca ter dito que eu acredito na monogamia. Pelo contrário. Me lembro muito bem que quando nos conhecemos eu pesquisava participar da ong “Fuck for Forest”. Me lembro de sempre falar sobre Menages e putarias diversas. Me lembro de falar de amor livre e apresentar Hair como um dos meus filmes favoritos. Me lembro de falar da visão do Fela Kuti quando assistimos juntos seu documentário.

Me lembro de tanta coisa... E não vou negar que lembro dela me pedindo para não fazê-lo. Que eu sabia que no fundo isso a magoaria... Como se esses argumentos me justificassem. Sei que não.

Mas é que a vida toda eu me fiz acreditar que as coisas poderiam funcionar de outro jeito. E jamais pensei que ela, a quem faço minha rainha, pudesse simplesmente responder como uma esposa comum, uma dona de casa de novela da Globo.

Existe a questão da depressão e das variações químicas no cérebro graças a um inúmero de drogas. Pior quando misturadas com álcool, apesar das minhas advertências. Isso me parece ser mais latente do que a questão da traição em si.

Até porque, pensando bem agora, que justiça é essa de me chamar de cínico, quando ela se coloca na mesma posição. Ou não seria cínica uma pessoa que promete incontáveis vezes que vai fazer algo a respeito mas continua repetindo os mesmos erros? Que nem ao menos toma seu remédio direito, que continua escolhendo o caminho da dor e do sofrimento todas às vezes.

Eu sei que é uma doença... E me falam o tempo todo que eu preciso ser paciente. Mas são quase três anos de paciência e não sei quando nem quanto disso vai mudar.

Penso de novo em ir embora. Me sinto sozinho quando ela está nesse estado.

E me dói muito, pois essa não é ela. E como explicar para uma pessoa que ela não está pensando as coisas direito. Como mostrar que não é uma questão de relacionamento, mas de desequilíbrio. Como fazer isso sem ofender, sem parecer arrogante, sem desmerecer os pensamentos e sentimentos dela.

Ainda não sei fazer. Cada vez que abro a boca parece que só pioro as coisas.

Fumo pra me acalmar, pra conversar como um cavalheiro. Mas a maioria das vezes já é tarde demais.


Só me resta esperar.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Mais um pouco da minha ressaca

Como posso me sentir assim, sempre de fora, sempre um outcast? Por mais popular que eu seja parece que não consigo pertencer a nenhum grupo especifico e, pior ainda, parece sempre que o grupo dos legais me deixa de fora. 

Estranho. Questionei recentemente minha maturidade. Achei que já havia chegado. Que já era adulto. Então vejo que onde eu queria estar as pessoas são todas 10 anos mais velhas, 20 anos mais experientes e 30 segundos mais atraentes.

Invejo elas e menosprezo o meu não pertencimento, o que comprova ainda mais minha imaturidade, especialmente emocional. Me sinto tão distante dessa tranqüilidade, dessa coolness, que chego a me apaixonar platonicamente como só fazia quando jovem. E por mais bonito que eu pense ser tudo isso, os anos me provaram que esse falso amor só serve para me fazer de idiota.

Ainda assim eu sinto uma vontade incontrolável de pegar na sua mão e atravessar os oceanos. De sair correndo em direção ao pôr do sol sem nunca olhar pra trás. Vontade de escrever essas besteiras desconexas e achar que toda palavra soa poesia.

Mesmo sabendo de que não é disso que se trata nossa relação. Não é o amor que cantou Vinicius, mesmo sendo eterno enquanto dure. Não é o amor do Tom Zé que espalha pelo céu Beatles à granel. É o amor da flor de cactos, dos Secos e Molhados. É o amor brincante das tardes de verão e das noites de inverno. É o amor descompromissado de dois quase apaixonados que se unem e se lambem e se bebem e se fodem, como se fossem só o que restasse de bom do mundo lá fora.

Um amor que não pode ficar sério pois deixaria de sê-lo. Um amor que não pode subir a serra pois se tornaria algo inferior do que é. Perfeito e sublime como deve ser, amantes apenas, com suas vidas e seus medos trancados pra fora desse quarto de paixões.

Nesse quarto onde esqueço que não sou herói, que não sou maduro, que não sou adulto.

Apenas sou, dentro de você.

Nada mais