sábado, 15 de agosto de 2009

Loucura... Quanta loucura...

A gente vai andando pelo mundo sem nem perceber que está vivo. A gente gira, gira, gira nessa translarotação e nem fica tonto. Vê um monte de merda na TV e fica dessensibilizado. E aí... E aí? Eu te digo e aí... É aí que a gente sai na rua sem destino, sem hora pra voltar, e começa a se entreter no torpor da noite. Se lambuzar de álcool e drogas como crianças com um pote de mel. E a gente ri, e a gente chora. A gente sente o vento batendo na nossa cara como se pela primeira vez estivéssemos vivos. Entorpecidos. Sem saber o motivo.

Quando ficamos cegos, qualquer lugar é perfeito. Quando ficamos surdos qualquer piada é engraçada. Ficar mudo jamais... É preciso muita concentração e meditação para dominar a arte de calar-se. Poucos seres humanos a praticam com maestria. A gente fica a falar um monte de bosta mesmo. Rindo sozinho por estarmos bêbados juntos. Qualquer besteira acéfala é conveniente. Qualquer sentimento distorcido cabe ao momento. A gente se abre. A gente fala sem ouvir e ouve o que ninguém falou.

Claro que brigamos. Sempre acaba rolando uma discussão sem motivo aparente. Cai a casa, fecha o barraco, chuta o balde e lava a roupa suja. Mais duas doses e estamos chorando abraçados. Frases moles de consideração. “Te considero pra caralho” costuma ser a preferida. Não conseguimos nem mais abrir os olhos, mas abrimos a boca pra dar mais um gole, um último trago, quem sabe só mais meio comprimido. E pra declarar nossa consideração uns pelos outros.
Pra que tudo isso? Só pra acordar no outro dia com dores musculares, azia, boca seca. Fingir que não lembra das cagadas que fez e lembrar cada detalhe das cagadas dos outros. Estudar, trabalhar, ser normal. Esquecer novamente que estamos vivos, para viver mais uma noite entorpecidos. Narcotizados das dores do mundo.

E acreditem ou não, foi justamente ontem, no meio de toda essa loucura rotineira, dessa loucura que nunca me mostra saídas, dessa loucura que me joga no espaço, que fui encontrar uma garota pra me apaixonar... Justo eu que não queria mais amar.


Originalmente publicado em http://fotolog.terra.com.br/verbo01:10 -
24/08/2007 15:41

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