Cá estou eu em Cambuquira. Fugido ou refugiado, já não
importa a diferença. Vim em busca de uma felicidade que não sei ao certo se
iria encontrá-la. Conheço-a apenas por nome: liberdade!
Tem gente que acha que é fácil jogar tudo pra cima e começar
de novo, mas não é bem assim a realidade. Tudo é um processo, e por vezes muito
dolorido.
Estou cada vez mais perto da vida de descasado. Há tempos
tomei a decisão racional de que isto era melhor pra mim. O difícil é o lado
emocional. Como se separar de uma mulher que se ama? Como fazer algo que é
melhor pra mim mesmo quando meu corpo, meu copo e meu peito caminham pra outra
direção?
Não estava nos meus planos ficar sozinho novamente. Passei
oito anos sofrendo sem amor pra ficar apenas 5 casado. Oito anos de sofrimento
platônico contra 5 anos de muita coisa boa. Só não foi o suficiente,
infelizmente.
Quando você acha que a troca não ocorre como deveria, quando
não se recebe o preço que se paga, alguma coisa está errada.
Se soubessem como eu aprendi esses anos com ela... O quanto
eu evoluí. Dá vontade de continuar junto. Só que pago caro por algo que não
tenho tanto mais a retirar.
Pago com meu futuro, com meus sonhos, com minha vida que
poderia vir a ser. E já não estava mais como nos propomos. Não estava.
Oito anos sozinho e me arriscando a continuar assim pelo
resto da vida. Não acredito, mas não nego a possibilidade. Ainda assim me vale
a pena. E desculpem se parecer simplesmente egoísmo, mas tenho certeza que
depois da dor, será melhor para os dois. E não nego que a dor maior será dela. Minha dor veio parcelada, mês após mês. A dela vem a vista, sem desconto. Mas
depois, vai ser melhor. Ela merece alguém que dê toda a atenção e cuidado de
que ela precisa.
Eu é que não mais quero ter pra mim a obrigação de fazê-la
feliz.
Só espero que ela não esqueça de como foi bom e como eu a
fiz feliz pelo tempo que passamos juntos. Apesar de todas as merdas, eu posso
dizer que fui feliz graças a ela.