domingo, 20 de dezembro de 2009

Shopping Universidade Plaza Hotel

Mercantilizar o ensino acaba de atingir um novo patamar. Enquanto UNIP, Anhanguera e outras são consideradas fábricas de diploma, a UNIMEP deu um passo à frente e criou um shopping de diplomas. Está sendo chamado de masterplan. Um mega empreendimento que acontecerá na Unimep campus Taquaral, local onde me graduei em comunicação.

Antigamente quando uma universidade tinha um vasto território, isto era sinal de que com o tempo o campus iria crescer, novos prédios seriam construídos e novos cursos seriam abertos. Maiores possibilidades de estudo, de pesquisa, de desenvolvimento humano. Uma universidade deve ser um centro intelectual de vanguarda e não ma caixa registradora.

Infelizmente a UNIMEP só tem pensado nos cifrões.

A área que a UNIMEP possui para ampliar sua universidade já foi usada para plantio de eucaliptos e mais recentemente foi arrendado para alguma usina de álcool que plantou cana por todo o lado... Agora, a idéia desse masterplan é ainda mais ousada. É o projeto Park Unimep Taquaral. Trata-se da construção de um shopping center, um hotel, um centro de convenções e um condomínio residencial...

Repetindo: um shopping center, um hotel, um centro de convenções e um condomínio residencial.

Confira o depoimento do reitor da UNIMEP (quem é esse cara? vocês conhecem?) falando sobre o masterplan...



Tem um link também com notícias da própria UNIMEP:

http://www.unimep.br/noticias.php?nid=864

Aguns números desse empreendimento (que não são pequenos):

- Àrea total de 840 mil metros quadrados e a estimativa de investimentos em infraestrutura total (redes de serviços) é de R$ 100 milhões. O projeto total deverá ser concluído em 2015.
- População flutuante de 15 mil pessoas/dia e 5 mil moradores (estimativa).
- Centro comercial será composto por oito edifícios com uma passarela suspensa para ligação com o shopping.
- 592 moradias horizontais e verticais com medidas individuais entre 250 e 600 metros quadrados.
- O shopping terá 73 mil metros quadrados, com área construída de 40 mil m2, com início das obras ainda no primeiro semestre de 2010.


Bom... Não vim aqui pra fazer comercial... Tenho certeza que os envolvidos devem estar muito felizes. Esse projeto é um avanço para a indústria da construção civil, um avanço pro desenvolvimento econômico da cidade, um avanço para a conta bancária da igreja metodista.

Aliás essa história de desenvolvimento econômico já é papinho antigo, né. Defendido à unhas e dentes por PSDBistas e DEMocratas, trata-se na verdade de uma faca de dois gumes. A pergunta que sempre devemos fazer é: à que custo acontece esse desenvolvimento econômico?

Exemplo 1: Buracos na estrada geram serviços recapagem nas pistas, serviços de mecânica e manutenção dos carros, vendas de peças e pneus etc e, consequentemente, desenvolvimento econômico. Porém nesse caso ele vem às custas de riscos de acidentes.

Exemplo 2: um masterplan na UNIMEP gera empregos no shopping, no hotel, gera venda de produtos, gera empregos na construção civil etc e, consequentemente, desenvolvimento economico. Porém nesse caso, a qualidade de ensino fica em segundo plano.

Então, pensem comigo, vocês acham realmente que com um investimento desse tamanho, com tanto dinheiro sendo investido e provavelmente retornando aos bolsos dessa gente, eles vão se preocupar com qualidade de ensino? Oras... Já fazem dois anos que a qualidade está decaindo, que o ensino está ficando porco, ficando padronizado. Agora então não quero nem ver.

Vocês acham que estou reclamando demais??? Vocês acham que eu estou vendo só o lado negativo, que estou sendo pessimista????

Nem...

Só estou me esforçando para que ninguém esqueça como uma universidade deveria ser. Um local onde a experimentação é possível. Um local onde se crie. Um local onde se destrua. Um espaço para soltar as mentes e deixá-las viajar por entre mentes maiores, mentes de grandes mestres. Pensadores natos, permitindo que cada um, pensando por si, seja capaz de tomar as rédeas do mundo e decidir seus rumos.

E o que é fato é que nessas universidadezinhas particulares de merda você encontra muito dinheiro em jogo. E com muito dinheiro é possível contratar os melhores professores, construir excelentes laboratórios, ótimas infra-estrutura etc. Mas não se constrói motivação. Não existe uma preocupação maior em expandir a mente dos alunos. A universidade passa a seguir o padrão de colégio, onde as grades são definidas, onde os alunos só pensam em passar de ano.

Culpa da (falsa) obrigatoriedade de se conseguir um diploma para ser bem sucedido. Isso fez com que pessoas desinteressadas em aprender, em evoluir, passassem a ser obrigadas a entrar na faculdade. Então, para os pais preocupados que seus filhos sejam alguém na vida, surgem essas fábricas de diplomas onde basta pagar e frequentar que ao final de quatro anos você se forma.

Eu tive a oportunidade de frequentar uma faculdade pública e uma particular. Tive a chance de perceber as diferenças entre as duas e ao mesmo tempo, visitando outras faculdades, perceber uma linha comum entre todas as faculdades públicas e outra linha comum entre todas as faculdades particulares (que eu visitei, claro).

Na faculdade pública eu sentia uma maior interação entre cursos. Eu via pessoas de cursos diferentes frequentando a mesma disciplina. Eu acabei conhecendo um número muito maior de pessoas, interagindo com cabeças pensantes com as mais diferentes idéias.

Na faculdade particular as aulas eram todas no mesmo bloco. Ao final de quatro anos tinha pessoas na minha turma que nunca tinham visitado outros blocos, que não conheciam pessoas de outros cursos. Que não sabiam nada além daquilo que era dado na boca. Você entra no bloco na primeira sala e durante os anos sua turma vai andando pelo corredor até sair do outro lado. Em outras palavras, um sistema igual colegial mesmo. 1ºA, 1ºB 1ºC, 2ºA, 2ºB...

Na faculdade pública eu via pessoas de diversas cidades diferentes, conheci pessoas de diversos estados do Brasil e inclusive pessoas do exterior. Como a qualidade de ensino é superior e os cursos são gratuitos, muitas pessoas se deslocam de muito longe e passam a residir na cidade até completar seus estudos. A cidade então torna-se um centro multi-cultural.

As faculdades particulares em raros casos são a primeira opção dos alunos. A maioria não conseguiu o ingresso em uma faculdade pública mas tem dinheiro o suficiente pra não ser obrigado a estudar mais e tentar de novo. Então se matriculam muito provavelmente em uma faculdade da sua própria cidade, ou uma cidade próxima que seja possível o transporte diário. Então você entra na sala de aula, no primeiro dia de aula, e já existem várias pessoas que se conhecem... Pessoas que inclusivem já estudaram juntos e por isso continuam na sua zona de conforto, não passam a experimentar coisas novas...

Claro que o que eu estou falando não pode ser generalizado, mas tenho certeza que quanto mais a universidade facilitar o desenvolvimento dos alunos, mais facilmente eles vão se desenvolver. Se a faculdade apenas se preocupa com o pagamento das mensalidades em dia e em cumprir os requisitos mínimos do curso, muito dificilmente aparecerá um aluno que consiga superar as expectativas.

Sem contar a escassez de projetos de pesquisa e extensão nas faculdades particulares.



Mas voltemos à UNIMEP

Essa transformação não começou agora. Essa transformação data de 3 anos atrás, quando a universidade passou a priorizar o lucro ao invés da qualidade de ensino para poder quitar uma dívida gigantesca, causada por pura má administração.

A UNIMEP era referência de educação, referência inclusive de ativismo político na época da ditadura. Eu entrei na Unimep em 2005 e naquela época só ouvia falar bem da história da universidade, do plano pedagógico. Era tudo muito bom. Bons professores, pesquisa... Eu mesmo participei de um projeto de extensão excelente.

Apenas 2 anos depois, no final de 2006, começa a bomba. Um novo reitor assume a universidade. Indicado diretamente pelos cabeças da igreja. Sua missão: corte de custos, à qualquer custo. Começou uma demissão em massa, via e-mail. 148 mestres e doutores substituídos por professores recém-formados. Projetos de extensão e pesquisa cancelados. Bolsas cortadas. Uma palhaçada.

Se você é aluno da UNIMEP, precisa saber sobre isso. Houve um processo de mercantilização da universidade. Houve resistência, houve militância... Aguentamos por um tempo, mas não vencemos. Fomos derrotados aos poucos. Alguns foram se formando, professores foram abandonando seus cargos, o ruído foi se silenciando... E os novos alunos muitas vezes nem sabem o que aconteceu nos chãos em que pisam hoje.

É preciso que saibam. É precisam que a história não morra. Nosso movimento se chamou DEZEMBRADA, em homenagem a Janeirada, outro movimento pelos direitos e pela qualidade de ensino que já havia acontecido na UNIMEP na década de 70.

Agora a UNIMEP vai virar um shopping center. É preciso que os alunos que estão atualmente matriculados fiquem de olho nessa mudança. Cobrem seus diretores, coordenadores e reitoria. Exijam a melhor qualidade de ensino, afinal é por isso que vocês estão pagando, não por lojas.

Deixo abaixo alguns vídeos da época da dezembrada. Que sirvam de inspiração...





VIAGEM À BRASÍLIA








sábado, 19 de dezembro de 2009

Você Acredita???

Escrevi um pequeno poema. Nada demais... Bem simples... Bem despretensioso... Serve simplesmente para demonstrar sentimentos contidos em minha mente. Reflexões antigas que precisavam ser ditas. Por mim ou por qualquer outro... Segue abaixo:



Você acredita?

Que ainda tem gente que prefere que eu minta?

Que preferem aparência ao invés de essência?

Que gostam de se enganar


Você acredita?

Que esquecem o que importa na vida?

Que consideram minhas palavras ridículas?

Preferem se escravizar


Escravos da imagem

Aquela criada pela indústria publicitária

Aquela falsa, rota, irreal, imaginária

Que passaram a deificar


Escravos do medo

Com seus corpos nunca estam contentes

Cheios de máscaras e nada nas mentes

E ainda querendo julgar


Cultura massificante

Valorizando demais a estética

Atropelando qualquer tipo de ética

Pensando só em faturar


Cultura medíocre

Não percebem que estão se destruindo

Ignorantes, preferem continuar mentindo

Isso é preciso acabar

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Quem escolhe os porquês...

Como é cheia de loucuras essa vida. A gente planeja, se organiza, se prepara e vai à luta. Tentando sempre encontrar maneiras de atingir os objetivos, de dominar as variáveis de nosso mundo. Esquecendo-se muitas vezes que não temos controle sobre nada nessa vida.

Sem problemas. A vida dá um jeito de esfregar isso na nossa cara. Seja de maneira cômica ou trágica.

A cargo de exemplo, dia 27 fui no show do AC/DC com meus camaradas. Fã de rock, com tattoo comprobatória, não podia perder esse show. Comprei o ingresso de um cambista com antecedência. Fui pra São Paulo um dia antes. Me reuni com grandes amigos e fomos em caravana. Trânsito, caminhos errados, pessoas sem ingresso que precisavam passar seiláonde pra pegar… Mil obstáculos…

Chegamos, enfim. Estádio do Morumbi. 30 minutos antes do início do show. Ufa… Pegamos a fila. Passamos por uma checagem de ingresso. Continuamos na fila. Passamos pela revista. Última fila, antes das catracas. Entreguei o ingresso e acendeu uma luz vermelha.

Gelei… Meus amigos passando. Tentei de novo. Vermelho, me pediram para esperar ao lado da fila. Pronto, pensei, me fudi… Uma moça veio conversar comigo. Eu achando que seria ela quem poderia resolver meu problema, mas ela simplesmente pôs a mão no meu ombro e disse: “Agora é a hora da verdade e seu ingresso é falso” e já foi me empurrando pra fora da fila. Eu tentei argumentar mas ela não abriu espaço para conversa. Me empurrou em um canto onde haviam já algumas dezenas de pessoas praticamente chorando por terem adquirido ingressos falsos também.

Fudeu, pensei na hora. Meus amigos já dentro do Morumbi. 10 minutos para o início do show do ano. Eu do lado de fora. E agora? E agora? Andando de um lado para o outro, inconformado, desesperado, só pensando: e agora? E agora?

Perdi. Acabou. Dancei. Fui enganado e é isso aí. Perdi 300 reais e o show….

Nisso aparece a providência divina. Um cara com dois ingressos na mão, dizendo querer vender um deles. Falei na hora: Eu compro, quanto vc quer? O cara falou que pagara 300 tbm e queria saber quanto eu podia oferecer. 7 minutos para o início do show.

Ofereci 50 reais. Ele falou que eu estava louco. Contei toda minha história pra ele. Quase chorei. Abri minha carteira e mostrei: Olha cara. Tem 52 reais. É tudo o que eu tenho. Me vende pelamordedeus!!!! O cara deu um suspiro longo e falou: beleza.

Pulei de alegria. Nem perguntei o nome dele. Peguei o ingresso e entrei no show, que por sinal foi sensacional… Amigo desconhecido que me vendeu o ingresso: Muito obrigado!!!!

Como queremos ter controle da situação quando a vida nos apresenta situações tão incomuns??? Como queremos saber mais do que a essência do universo?? Controladora de tudo na realidade…

Outro exemplo, nesse final de semana. Trabalhando pro Éh! Lance. Fomos entregar os produtos pessoalmente no Paraná. Muito alto-astral, pé na estrada, lugares novos, pessoas receptivas e hospitaleiras, o site dando certo... Tudo correndo perfeitamente.

Em Curitiba resolvemos sair de balada. Aproveitar a cidade e comemorar. Fomos em uma balada sertaneja chamada Woods. Nunca tinha ido, nem curto sertanejo, mas entramos na faixa graças a uma amiga do meu primo, então aproveitamos para curtir.

Sei lá de onde, sei lá por que, uns caras começaram a folgar com a gente. Ficaram encarando, falando merda e nós, bêbados, acabamos respondendo. Quando se está tão bêbado tudo acontece muito rápido e quando percebi já estávamos do lado de fora da balada, de dia, com os caras sem camisa querendo bater na gente.

Um deles era professor de Muay Thai. Nem vi a hora que me acertou. Só sei que fui parar no hospital. Tornozelo quebrado, anestesia geral, 3 horas de cirurgia e 12 pinos na perna. E estou aqui. Na minha casa, com os pinos eternamente dentro de mim, com a perna engessada por pelo menos mais 2 meses. Tentando ter controle da situação.

Como que um cara que odeia brigas entra em uma? Como que uma pessoa que só quer fazer o bem para os outros acaba sendo o maior prejudicado de uma briga sem motivo??

Pois a mesma força universal que me conseguiu um ingresso do AC/DC é a força que quebrou meu tornozelo. A mesma energia que me levantou no Morumbi foi a energia que me derrubou no meio-fio…

A mesma energia pela qual eu rezo todas as noites, pela qual medito todos os dias, pela qual eu agradeço, é a energia que me dá e que tira de mim. Aliás, de todos nós.

E se eu acredito que em sua essência se trata de uma energia benevolente, que não deseja nenhum mal a mim, nem mesmo à qualquer outro ser, então me vejo obrigado a acreditar que não cabe à mim entender porque as coisas acontecem. Cabe à mim simplesmente aceitar e seguir em frente.

Cabe à mim confiar nas forças do universo e me guiar através dos sinais que me são mostrados. Sendo nós tão pequenos e o universo tão infinito, talvez nossas ações sejam na realidade desprezáveis e as grandes mudanças no rumo de nossas vidas estejam fora do nosso controle.

Resta acreditar estarem em mãos que sabem o que fazem.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A moça, a saia, a faculdade...



Copio abaixo matéria de Flávio Gomes, jornalista, o qual expressou seus sentimentos sobre o caso da moça expulsa da UNIBAN.

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SÃO PAULO (é o fim) – Fiz faculdade entre 1982 e 1985. Faculdade de riquinho, FAAP. Não havia sinal de movimento estudantil ali. Na verdade, com o fim da ditadura, a eleição de Tancredo e a perspectiva de diretas em 1989, o movimento estudantil se enfraqueceu e, sendo bem sincero, foi sumindo aos poucos. Minha atividade mais próxima da subversão foi vender sanduíches naturais para arrecadar dinheiro para uma festa das Diretas.

Hoje, as entidades representativas dos estudantes servem para emitir carteirinhas para a turba pagar meia-entrada em shows e no cinema. Sem um inimigo claro, que no caso das gerações imediatamente anteriores à minha era o governo militar, ficamos sem ter do que reclamar. Porque, no fundo, por conta da politização desses movimentos todos, a questão educacional foi colocada de lado por muitos anos, e deixou de ser prioridade.

Já como repórter, cheguei a cobrir algumas confusões na USP na segunda metade dos anos 80. Sem querer simplificar demais, mas recorrendo ao que minha memória me permite lembrar, o tema central era o aumento do preço do bandeijão nos refeitórios da universidade. Deu greve e tudo. Muito pouco. Ainda mais porque, como se sabe, boa parte dos que conseguem chegar à USP vêm de escolas particulares, e o preço do bandeijão não chegava a afetar seriamente o orçamento de ninguém.

O caso dessa moça de minissaia da Uniban poderia ser um bom motivo para despertar algum tipo de reação na molecada. De repúdio aos que ofenderam a menina, de reflexão sobre os rumos da universidade, de protesto contra sua expulsão, de perplexidade com o recuo da reitoria por razões obviamente mercantis.

Reitoria… Era palavra respeitada, antigamente. Hoje, os reitores dessas espeluncas mal falam português. A transformação do ambiente universitário em quitandas que vendem diplomas é assustadora. E os estudantes são coniventes. Não exigem ensino de qualidade, compromisso com a educação, porra nenhuma. Querem se formar logo, se possível pagando pouco, e dane-se o mundo.

Fico espantado ao observar como pensa e age essa juventude urbana entre 20 e 25 anos. São fascistóides, hedonistas, individualistas, retardados ao cubo. Basta ver o perfil da menina da minissaia no Orkut. Uma completa debilóide, mas nada diferente, tenho certeza, de seus colegas de faculdade (vejam as “comunidades” às quais ela pertence; coisas como “Gosto de causar, e daí?”, “Sou loira sim, quem me aguenta?”, “Para de falar e me beija logo”, coisas do tipo). O que, evidentemente, não dá a ninguém o direito de fazer o que fizeram com ela. Até porque são todos iguais, idênticos, tontos, despreparados, sem noção.

Aí a Uniban expulsa a menina, dizendo que os alunos que a chamavam de “puta” e queriam bater na coitada estavam “defendendo o ambiente escolar”. Puta que pariu! Como é que pode? Como podem adultos, “educadores”, que teoricamente têm um pouco mais de neurônios em funcionamento, reduzirem a questão a isso? E criticarem a menina porque ela se veste assim ou assado, anda rebolando, “se insinua”?

Pior: muitos, mas muitos mesmo, alunos defenderam a expulsão. Acham que a menina é uma vagabunda que provoca os colegas. Bando de animais, intolerantes, sádicos, hostis, agressivos. Eu nunca deixaria um filho meu estudar numa universidade frequentada por esse tipo de gente e dirigida por cretinos do naipe dos que assinaram a expulsão e, depois, revogaram-na sem revelar o motivo — aquele que nunca será admitido, o prejuízo à imagem dessa porcaria de empresa, sim, empresa, e das mais lucrativas, porque chamar um negócio desses de “universidade” é desmoralizar a palavra.

O Brasil está fodido com essas gerações que vêm por aí. Um caso desses, que poderia trazer à tona discussões importantes sobre o comportamento dos jovens, suas angústias, seus rumos, resume-se ao tamanho da saia da moça e ao seu comportamento “inadequado”, seja lá o que for isso. A educação, neste país, tem sido negligenciada de forma criminosa há décadas. O governo poderia começar a limpar a área por essas fábricas de diploma, que surgem aos montes sem que ninguém se preocupe com o tipo de gente que está à frente delas.

O que se vê hoje, graças a essas faculdades privadas de esquina, sem história e princípios, é uma população cada vez maior de “nível superior” sem nível algum. Um desastre completo. Gente que não pensa, não argumenta, não lê, não raciocina coletivamente, se comporta como gado raivoso, passa o dia punhetando no Orkut e no MSN, escreve “aki”, “facu”, “xurras”, “naum”, “huahsuahsua”, um bando de tontos desperdiçando os melhores anos de suas vida com uma existência vazia, um vácuo intelectual, sob o olhar perplexo de gerações, como a minha, que um dia sonharam em fazer um mundo melhor e, definitivamente, não conseguiram.

Somos todos culpados, no fim. Me incluo.




Flavio Gomes

http://colunistas.ig.com.br/flaviogomes/

Flavio Gomes é jornalista, dublê de piloto e escritor. Por atuar em jornais, revistas, rádio, TV e internet, se encaixa no perfil do que se convencionou chamar de multimídia. “Um multimídia de araque”, diz ele. “Porque no fundo eu faço a mesma coisa em todo lugar: falo e escrevo.” Sua carreira começou em 1982 no extinto jornal esportivo “Popular da Tarde”. Passou pela “Folha de S.Paulo”, revista “Placar”, rádios Cultura, USP, Jovem Pan e Bandeirantes, e hoje cobre Fórmula 1 para 12 jornais brasileiros. É também comentarista e repórter da ESPN Brasil e da rádio Eldorado ESPN, além de colunista do “Lance!”. Está no iG, com o site “Grande Prêmio”, desde a criação do portal, no final de 1999. Em 2005, publicou “O Boto do Reno” pela editora LetraDelta. Desde 1992, escreve o anuário “AutoMotor Esporte”, editado pelo global Reginaldo Leme. É torcedor da Portuguesa, daqueles de arquibancada, e quando fala de carros começa sempre por sua verdadeira paixão: os DKWs e Volkswagens de sua pequena coleção. É com eles que roda pelas ruas de São Paulo. Nas pistas, pilotou de 2003 a 2007 o intrépido DKW #96, que tem até fã-clube (o carro, não o piloto). Por fim, tem uma estranha obsessão por veículos soviéticos. “A Lada foi a melhor marca que já passou pelo Brasil”, garante. Por isso, trocou, nas pistas, o DKW por um Laika batizado pelos blogueiros de “Meianov”.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Tudo Tranquilo em Honduras...

Escrevo esse post tardiamente... Enquanto falo livremente aqui no Brasil, em Honduras uma ditadura militar vem destruindo todos os direitos humanos daqueles que se opõe ao regime. Nós, brasileiros, que já tivemos essa mancha de sangue em nossa história, bem sabemos o quanto Honduras precisa de nós nesse momento.

Como eterno militante, demonstro aqui minha total simpatia à Frente Nacional de Resistência, que luta por uma Honduras livre. Esperemos que os grandes governantes do mundo não virem os olhos para essa situação e que a grande mídia, ao menos uma vez, seja digna de se aliar aos oprimidos e não aos opressores.

Abaixo, uma carta que recebi de fontes confiáveis, escrita por um membro do Ministério da Saúde de Honduras sobre a situação de seu país.



Estimados compañeros de la (...)

(...) Aprovecho la oportunidad para informarles sobre la situación actual de mi país:

1. Desde hace 4 meses en que se dio el golpe de estado militar, se organizó el Frente Nacional de Resistencia, el cual se manifiesta en forma pacífica en caserías, aldeas, pueblos y ciudades en protesta contra el golpe de estado y por la reinstalación del estado de derecho, estas manifestaciones se realizan todos los días en todas las ciudades de Honduras.

2. Todas las manifestaciones que son pacíficas pero son reprimidas por el ejercito conjuntamente con la policía, estos organismos militares infiltran manifestaciones para crear desórdenes y actos vandálicos por ejemplo el incendio de edificios, ruptura de ventanales y puertas, daño a auto- móviles, etc. Luego culpan a los manifestantes a través de los medios de información por radio o televisión que controlan los golpistas po r ser los dueños de los mismos, la información es manipu- lada y tergiversada. En Honduras solo hay dos medios de información radial y televisiva que no pertenecen a los empresarios y son los únicos que dan información no tergiversada, sin embargo les hacen boicot las censuran e incluso les ha destruido las instalaciones e instrumentos electrónicos.

3. Ayer 22 de septiembre de 2009 ingresó sorpresivamente el Presidente Manuel Zelaya Rosales que fue expulsado por los militares y se refugió en la Embajada de Brasil. Zelaya dio una conferencia de prensa expresando que venía a negociar con sus opositores e hizo un llamado a sus simpatizantes a no usar ningún acto de violencia. Inmediatamente los miembros de la Resistencia se hicieron presentes en la embajada para dar protección al presidente Zelaya, el número de personas se aproxima a los 60,000.00. Ese mismo día los manifestantes fueron rodeados por miles de policías y militares, en ese momento comenzó l a represión de las fuerzas de los elementos armados con el apoyo del presidente de facto Roberto Michelétti, quien decretó estado de sitio a partir de las 4:00 PM de ese mismo día con duración indefinida, de tal manera que toda la población del país se encuentra prisionera en sus casas en todo el país. Con esta medida y la cancelación de los medios de comunicación que daban cobertura a los hechos los uniformados comenzaron a capturar en forma selectiva a los dirigentes, luego a cualquier persona ya sea niño menor de edad o mujer embarazada, incendiaron varios automóviles de los miembros de la resistencia y en vez de guardar el orden se están dedicando a robo y saqueo de hogares aduciendo le realización de cateos.

4. A esta hora 1:00 PM tenemos información de hay 280 prisioneros ubicados en un estadio, estilo campo de concentración, con la prohibición de que se les proporcione atención médica, agua o alimentos. Igualmente la embajada de Brasil la tienen sin energía eléctrica, sin agua y no permiten el ingreso de alimentos. Dicha emba- jada está sitiada por los uniformados, quienes ya tienen planes para tomarla por asalto para capturar o asesinar al presidente Zelaya. El presidente de Brasil Lula Da Silva advirtió al gobierno de facto de Honduras que si lo hacen será considerado una situación de guerra.

5. Los uniformados ya han asesinado 16 personas, más de 60 golpeados (hospitalizados) y están usando métodos de tortura sumamente cueles entre ellos provocar fracturas en los miembros superiores e inferiores, golpes con tubos metálicos o con garrotes que tienen clavos para que penetren en los tejidos de la víctima


6. No permiten los filmados a la prensa nacional e internacional ni a personas con cámaras personales so pena de ser golpeados o capturados y acusados de delincuentes, con ello logran evitar las evidencias de lo que están haciendo.


7. La represión es tan intensa que ya la población se cansó de aguantar palos desde hace 4 meses, por lo cual se están organizando en barrios y colonias al nivel nacional para hacer frente a los uniformados y a militares sin uniforme que usando pasamontañas ametrallan automóviles o personas. Ante esta situación tengo la impresión que se está iniciando una revolución con lucha armada.


8. La ONU, OEA y El Departamento de Estado de USA, están preparando acciones para encontrar una salida negociada y controlar la violación a los derechos humanos, los toques de queda que son ilegales y la censura de la información nacional e internacional. Saludos cordiales, estimados compañeros y compañeras

(por razoes de seguranca foi omitido o nome do rementente)

Veja abaixo um vídeo feito por um cidadão Hondurense (perdoem-me se a grafia estiver errada) que mostra o que está acontecendo por lá, apesar de seus governantes falarem que tudo está tranquilo.



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Rodovia do Açúcar em Obras

Entre as piores estradas do Estado de São Paulo encontra-se a SP 308, Rodovia Comendador Mário Dedini, a famosa RODOVIA DO AÇÚCAR, que tem esse nome devido a enorme quantidade de plantações de cana de açúcar durante seu percurso, além de acesso a Usina Cosan.

A questão é que a estrada está bem abandonada há anos. Com um tráfego intenso de treminhões carregando cana, além de uma série de outros caminhões e carros, a estrada deteriora-se muito facilmente, precisando constantemente de reformas. Infelizmente nosso governo faz juz à célebre frase clichê, quando se diz que eles não fazem o trabalho direito, só sabem tapar buraco. O que resulta em uma situação estranha, pois até os trechos onde não há buracos, o asfalto é terrível, todo mal remendado.

Some tudo isso ao fato da estrada ser uma via de duas mãos. Imagina ter que ultrapassar um treminhão no meio de uma estrada em péssimo estado. Não faltam histórias de acidentes. Quem pega essa estrada sempre está acostumado a ouvir falar ou até mesmo ver acidentes na estrada. Em 2007 meu pai perdeu um amigo nessa estrada. No início desse ano um professor meu capotou o carro e por sorte não se feriu. Eu mesmo já tive que jogar o carro no acostamento pra evitar um acidente. Isso que eu dei sorte pois a maior parte da estrada não tem acostamento.

Resumindo é terrível. Alguns podem até vir com o papo que comparada com estradas do resto do país ela é boa. Não é preciso ir longe, eu já peguei estradas piores em Minas Gerais. A questão é que a Rodovia do Açúcar fica no Estado de São Paulo, o estado com maior arrecadação do país. É uma vergonha essa situação.

Bom, quando o governo fode o povo, a saída do povo é a iniciativa privada. E devo admitir que o resultado é imediato. A concessionária Rodovias do Tietê é a nova administradora da Rodovia do Açúcar e já estão colocando a mão na massa. Mal começaram a trabalhar e já existem três pontos de obras na estrada. E os caras estão trabalhando até em baixo de chuva.

De acordo com a Concessionária, a meta agora é recapear e tratar o asfalto para evitar acidentes, e em 2010 começar as obras de duplicação (ALELUIA). Eu não entendo nada de obras, estradas e pavimentadoras, mas ao olhar leigo parece que em alguns trechos já começaram a duplicar. estão aplainando a terra em volta e fazendo desvios na estrada. Acho que isso já faz parte do projeto, mas os caras não falam para deixar o prazo distante mesmo e, assim, conseguir uma entrega antes do prazo.

Pra mim é perfeito. Eu sempre peguei essa rodovia e sempre reclamei dela. Tem gente que está reclamando de que em breve será instalado um pedágio na rodovia, mas ao meu ver um pedágio é um preço pequeno que teremos que pagar para ter segurança e até mesmo conforto.

Espero que termine antes do prazo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

POST INAUGURAL !!!


Há quanto tempo não escrevo. A cabeça lotada de trabalho. O bolso pedindo por dinheiro. A alma tão afastada da arte. E ainda assim a vida teima em continuar. Se esforçando. Quebrando as pedras no caminho.

Divagando sobre o nada eu prossigo. Como se esse post não fosse apenas uma súbita necessidade de escrever. Como se ele estivesse aqui para passar algo de importante. Balela.

Novo Blog, era necessário um novo Post. Um Post inaugural. Rufem os tambores, soem as trombetas. A trivialidade vai ser passada em palavras.

Posso ir longe. Posso ir além. Até aonde devo ir é uma pergunta que não cabe a mim, muito menos a você.

Sentado eu me calo. Grito pelo teclado. Frases curtas, de quem não te muito pra falar, pra dizer, pra declarar. Só mais uma cabeça solta pelo mundo. Se é que podemos chamar de solta uma cabeça com tantos paradigmas. A minha, claro. Sei lá como é a sua. A minha passa por uma fase estranha, mas não vim aqui falar dela.

Vim aqui para escrever. Não tinha foco, não tinha info, não tinha nada a não ser um motivo. O resultado está sendo impresso nesse papel virtual.

E qual o meu papel, então, frente a tudo isso? Qual é o sentido da paranóia? Se acredito no infinito, nas infinitas possibilidades, na sabedoria suprema, que motivo existiria para o universo esse meu divagar sobre o nada?

Motivo tem, ora. Não vamos ser ingênuos a ponto de pensar que isso não passa de perda de tempo, que não causa nenhuma reação no universo. O universo não é criança e sabe do que faz. Precisamos confiar nele. Devemos pensar que até o fato mais microscópico tem relevância no todo. Então como dizer que um texto sobre nada não tem relevância nenhuma. Pense em tudo que estou alterando na realidade nesse exato momento de minha escrita. Pense molecularmente. Pense energia.

Pra mim, em primeiro lugar é exercício. E vendo dessa forma, esse pode ter sido o primeiro passo para o grande momento vindouro. Ou talvez o centésimo passo. É tudo integrado.

Já o texto não tem necessidade de o ser. Não há nenhum comprometimento com métrica, linguagem, idéia central. Trata-se de escrever o que vem a mente, sem parar pra pensar nas palavras. Quase sem pensar nas palavras.

Pra que ler é uma pergunta interessante. Se você já percebeu que este texto não tem objetivo algum, que não vai desenvolver uma idéia nem levar o leitor a um final apoteótico, então por que ainda continua lendo? O que será que te atrai? O que será que te move?

É tão bom assim? É tão ruim assim? Ou você engole qualquer coisa mesmo e tanto faz? Vamos ! Diga ! É bom ou é ruim? Gostou ou não gostou? Por que?

O ser humano gosta de falar. Hoje em dia todo mundo tem que ter opinião formada. Falar das coisas. Julgar direito. Ter noção de valores. Que valores? Que valores?

É muita hipocrisia. É falar falar falar falar…

É só isso que o ser humano sabe fazer. Fala dos outros, fala de si, fala…

Com internet então, arranjou-se finalmente espaço para a profissão : palpiteiro.

E alguns outros, mais idiotas como eu, preferem ainda defender que existe um maneira certa de escrever, uma maneira que necessita de prática, de know how. E lá vou eu escrevendo de qualquer maneira, sem nem pensar, falando sobre o nada, e nem sei se você já descobriu se gostou mesmo do texto.

A verdade é que essas coisas não se descobre, como muitos dizem. Essas coisas se decide. Se escolhe.

Pra mim, é treino.

domingo, 30 de agosto de 2009

Aprendizado

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A primeira coisa que eu aprendi na minha vida foi a chorar. Tive que apanhar pra aprender mas valeu a pena. Entendi que viver é arriscar e cicatrizes são sinal de experiência.

Não guardei ressentimentos do médico que me bateu pois logo em seguida aprendi que colo de mãe cura qualquer dor.

Não me lembro de ter aprendido a rir. Acho que o riso já vem de fábrica inserido na alma das pessoas. Por isso talvez cada risada seja única, como uma assinatura da pessoa, inconfundível.

Sabendo rir e chorar, eu precisava encontrar motivos para utilizar esses artifícios e, sinceramente, meu berço era um local muito entediante. Havia um mundo inteiro lá fora esperando por mim e eu não podia mais ficar parado. Tive que aprender a andar.

Não foi tão fácil como eu pensei. Entendi que certas coisas na vida dependem de prática e que por mais difícil que pareçam tudo é possível com muita dedicação e esforço.

Lá fui eu, tentando me manter em duas pernas, feliz da vida. Percebi que eu era capaz de traçar meus próprios caminhos, meu destino.

Mas algo ainda estava faltando. Parecia que as pessoas em minha volta não me compreendiam direito. Havia uma falha de comunicação enorme entre eu e as outras pessoas. Eu tinha muita coisa pra falar, mas ainda não sabia como. Tive que ficar observando. Prestando atenção nos sons que saiam da boca das pessoas, enquanto tentava imitar. Duas lições em uma, além de aprender a falar aprendi também que certas coisas a gente não aprende sozinho. A gente precisa de alguém para nos ensinar, nos mostrar como fazer.

Andando, falando, rindo e chorando, comecei então a minha infância. Como era gostoso me divertir. Aprendi um monte de coisas brincando. Corri, pulei, andei de bicicleta, joguei video-game, cantei, gritei, me machuquei, nadei, pintei, dancei... Ufa... Cansei...

Daí me colocaram na escola onde eu fazia todas essas mesmas coisas, mas tinha uma professora que mandava a gente ficar quieto quando ela estava explicando. Não demorou muito e aprendi o que era disciplina: era uma série de regras dizendo o que eu podia e não podia fazer pra não tomar bronca.

Um belo dia acordei e senti que não era mais criança. Haviam pelos crescendo em todo meu corpo. Até um bigodinho ridículo. Eu devia ter uns 13 anos, mas já me sentia um adulto. Achava que já sabia de tudo e que era dono do meu nariz. Meu primeiro beijo, por exemplo, ninguém me ensinou. Simplesmente aconteceu. Como era o primeiro beijo da menina também nenhum dos dois acharam que podia ser diferente.

Me sentia o dono do mundo. Com o tempo aprendi que o dono do mundo na verdade era o dinheiro e que se você não faz o que seu pai manda, nada de mesada. Nessa época eu já estava quase prestando vestibular. Ainda achava que sabia de tudo e não havia nada que eu precisasse aprender. Me enganei.

Depois de muitas brigas, com pais, namoradas, professores e até com desconhecidos que eu tive minha lição. Eu aprendi a ouvir. Foi muito difícil pois eu achava que já sabia, mas conheci um nível completamente novo sobre saber ouvir.

Isso fez com que eu passasse meus 20 e poucos anos re-avaliando o que eu já sabia e o que podia ser melhorado. Aprendi a enxergar as pessoas pelo que elas são e não o que aparentam.

Aprendi que não há conhecimento desnecessário. Aprendi que Deus é muito maior do que ensinam na igreja. Aprendi que sexo é efêmero mas amor é eterno. Aprendi que vale mais a pena confiar do que duvidar. Aprendi que a vida ensina a gente quando a gente menos espera.

E agora, completando meus 27 anos, acabei de ter uma nova lição. Aprendi que as crianças podem nos ensinar coisas que a gente já tinha esquecido. Que a vida pode ser muito mais simples do que a gente acha e que as pequenas coisas tem mais valor do que os desejos que a propaganda enfia nas nossas cabeças.

Já dizia um velho provérbio: ninguém é tão grande que não possa aprender nem tão pequeno que não possa ensinar. Na semana do meu aniversário, meus professores tinham 8 anos.




Originalmente publicado em http://fotolog.terra.com.br/verbo01:46 - 20/07/2009 13:13

Novo Post, Velhas Idéias

Quando falam que é difícil, a gente nunca tem noção real do problema. Sempre achamos ser mais fácil do que realmente é. E na hora fatídica, quando não dá mais pra voltar, desejamos que os dias fossem mais longos, pra concluir aquilo que, pensamos, duraria minutos.

Meu problema é mais sério. Não me preocupo com futilidades espetaculares. Não me banalizo por segundos de orgasmo. Essa juventude iludida.

Me interssam os assuntos dos mais velhos. Montanhas, planetas e estrelas. Milênios de experiência.

O efêmero pode ser belo, mas não sacia. Imaginem larvas nascendo de ovos, devorando a carne podre, até se transformarem em moscas, para morrer no fim do dia. Ephemera sp, chamaram esta criatura.

O eterno, por outro lado, me faltam palavras... Chego a pensar que nem existem, tal a magnitude indescritível do absoluto. Que criatura citaria-se como exemplo? Mais adequado seria citar o criador, mas atribuí-lo este rótulo já seria limitar-se do infinito.

Alguns podem dizer que, para a mosca, suas horas de vida são eternas. Mas se existe algo em nós, uma centelha sequer desse absoluto, prefiro viver - e morrer - por aquilo que não é passageiro.

Tem sido mais difícil do que eu achei que seria. A ansiedade me consumia. Por mirar tão alto fui obrigado a aprender. Paciência. A lição suprema.

Grandes mudanças não acontecem da noite pro dia. Podem me chamar de louco, de atípico. Não me importo. Se enxergassem além de seus narizes entenderiam. É preciso sacrifícios nesse caminho.

Estar por fora, não. Estar na frente.
Ser excluído, não. Ser ímpar. Ser único. Ser guia.

Não preciso do reconhecimento dos milhões se tenho o carinho dos poucos que realmente importam. Foi uma escolha que fiz ainda criança.

Mesmo quando tentam me vender desejos que não possuo, continuo firme. Paciência. Tenho minhas quedas vez ou outra, sou humano. Levanto e me mantenho firme. Paciência.

O Grande Prêmio não será pago em dinheiro. Ele é imaterial e ninguém o recebe antes da hora. A Surpresa é uma benção e o desvelar do mistério é o gozo.

Há mistérios no amor, há mistérios na arte. Não em mercadorias e embalagens. Os valores mundiais estão invertidos e precisam ser subvertidos.

Luto pelas coisas insubstituíveis. Luto pelas coisas reais, que não tem valor comercial. As autênticas manifestações da vontade, capazes de imortalizar pessoas, momentos e idéias. Principalmente idéias. Não efêmeras.

Não sei se fui claro o suficiente. Nunca sei. Escrevo frases soltas que borbulham na minha cabeça. Nem todos estão prontos para entender.

Talvez ache este texto bonito, talvez ache difícil. Pra mim, é só mais um desabafo.

Paciência...





Originalmente publicado em http://fotolog.terra.com.br/verbo01:45 - 16/06/2009 01:49

Pra não dizer que não lhe falei das flores...

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....Na imensidão da loucura, ele caminha em direção ao abismo, ponderando sobre a vida. Não é mais a aventura, a boemia ou a companhia. É o girar do mundo que o surpreende. Como tudo foi se modificando lentamente, imperceptivelmente, transformando-se em algo novo.

....Ele sempre foi sofisticado. Na igreja ou na sarjeta. Com o olhar confiante de quem equilibra o mundo na cabeça, deixava seu nome marcado por onde passava. Quantas histórias pra contar.

....Rodava o mundo em busca de novos nomes. Substantivos simples que ganhavam força rolando nos lençóis. Carla, Jane, Yung Lee. Maravilhosas, sensuais, poderosas. Rainhas da noite enquanto a noite corria. E nada mais.

....Andando sempre em frente, mesmo quando pros lados, as novidades foram acabando, o passado foi ficando distante e o tédio foi lhe dominando.

....Aproximando-se do abismo, ele agora pensa em quantas oportunidades perdeu enquanto estava em estado vegetativo. Quando não mais se tem sentimentos é sempre tarde para rir ou chorar. A comida não satisfaz. O vinho não tem mais sabor. A vida em preto e branco.

....O mundo girou, o tempo passou, o ciclo fechou. Ele encontra-se no ponto de partida. Sua terra natal, que antes continha em sua palma, transformara-se em um planeta inexplorado. Perdido, ele chega na beira do abismo. As ruas, apesar de conterem novos prédios, ainda levam aos mesmos lugares.

....Ele acende um cigarro e olha pra baixo. Na memória a imagem do sorriso dela se afastando. Foi há poucos dias, três andares acima do chão, num bairro conhecido por suas putas e mendigos. Certas coisas custam a mudar.

....Os olhos dela diziam “decifra-me”, os dele “devoro-te”, como há tempos não acontecia. Dançaram, riram, se tocaram. Gostaram.

....Olhando pro abismo ele dá um passo.

....Não. Ele não quer cair. Eles acabaram de se conhecer, a chama acabou de ser acesa e muita coisa ainda vai acontecer. Cheio de vida ele flutua pelo ar.

....Ele atravessa o abismo.



Originalmente publicado em http://fotolog.terra.com.br/verbo01:44 - 19/04/2009 03:59

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Metástase

Que grande merda é o nosso sistema de saúde. Infelizmente só vim perceber quando mais precisei.

Passei mal mês passado e fui ao hospital. Era mais medo meu do que perigo real, mas resolvi fazer uma bateria de exames depois disso. As experiências que passei nesse contato com o sistema de saúde me deixaram indignados.

Primeiro a questão do plano de saúde. Se você não possui um plano de saúde você pode morrer na frente do hospital se te levarem pro hospital errado. Cada lugar tem sua própria lista de atendimento a planos e você pode dar ao azar do seu amigo te levar no hospital que sempre atendeu ele, mas que não aceita seu plano. Ou você tem grana pra pagar particular ou dançou.

Eu achei que estava infartando. Entrei no hospital com a cara feia, a mão no peito e gritando: ESTOU INFARTANDO !!! ESTOU INFARTANDO!!! Imaginem a cena. De imediato um enfermeiro veio em minha direção, me encaminhou para um quarto onde haviam várias macas. Quando fui me deitar ele disse: "Você tá com a carteirinha do convênio?"

Eu, quase sem ar, tirei minha carteira do bolso e entreguei-lhe a carteirinha. Aí iniciou-se o tratamento. Em um dos melhores hospitais sorocabanos.

Que valor eles dão pra minha vida? Eles deviam me tratar, me curar, pra depois ver meu convênio. Se eu não tivesse aí teria uma grande dívida no meu nome, mas estaria vivo. Mas eles só agem desse jeito em situações de emergência, que nos hospitais brasileiros é pelo menos uma amputação.

Ontem fui em outro hospital, um dos melhores de Piracicaba. Fui fazer um eletrocardiograma. Depois de terem me feito andar por todo o hospital achando que eu queria um ecocardiograma, me mandaram pro local certo, um ambulatório conveniado ao hospital que fica há duas quadras de distância. Eram 17:00 horas.

Entrei dizendo que queria fazer o eletro e entreguei a guia e a carteirinha do convênio pra atendente. Ela passou por uma porta no fundo e voltou dentro de alguns minutos. Disse-me: "A enfermeira que faz o eletro não chegou ainda. Vai demorar pra chegar." Eu, que queria resolver o assunto o quanto antes, falei que esperava, enquanto ela mudava a expressão e dizia: "Então, na verdade tão limpando o equipamento, e vai demorar." Eu olhei meio sem entender, e de repente entendendo tudo pela cara de "esfoçada" da antendente perguntei se ela achava melhor eu voltar amanhã. Ela sem perder tempo já me falou que o ideal era vir no período da manhã. Ótimo.

Saí em direção ao laboratório, outro conveniado do hospital que fica nas redondezas. Eu já sabia que não poderia fazer os exames pois não estava em jejum, mas queria ao menos perguntar se havia algum outro procedimento específico para os exames. Estava fechado. Eram 17:30. Vi que tinha gente lá dentro e pensei em bater na porta, mas antes que eu o fizesse uma moça abriu perguntando o que eu queria. Feliz com sua atenção mostrei-lhe a guia dos exames e ela me disse para fazer jejum de 12 horas, que os exames podiam ser colhidos todos no local, inclusive o de urina que não precisava ser a primeira do dia como muitos pensam. Falou também que o horário de atendimento era das 7:00 às 17:00, além de me entregar o pote para o exame de fezes.

Maravilha, jantei umas 10:00 da noite e comecei a jejuar. No dia seguinte, acordei um pouco mais cedo, dei uma bela cagada matinal onde já fiz a coleta das fezes e resolvi fazer o eletro primeiro, por causa do horário. Fui com o pote de fezes no bolso.

O local estava lotado. Apenas uma atendente (a mesma que se confundiu nas respostas) preenchia as fichas, enquanto outras duas conversavam lá nos fundos, mexendo em alguns papéis. Depois de uma hora de espera é que a outra atendente resolveu preencher umas fichas pra agilizar a fila. E isso que estamos falando de um hospital particular, onde todos ali tinham convênio.

Já eram 11:30 quando terminou o eletro e fui para o laboratório. Cheguei entregando a guia para os exames quando recebi um belo: "O horário de coleta é das 7:00 às 10:30..." Eu falei: "como assim, a moça me falou que era até às 5 da tarde", e ela: "O atendimento é até às 5, a coleta é até às 10 e meia”. “O quê?”, “Até as 5 é pra retirar os resultados”, “Mas eu vim aqui ontem e me falaram...”, “Não! Mas como é que você ia fazer os exames? Tem que colher tudo aqui de manhã. O sangue, a urina, as fezes... E a enfermeira já foi embora”, “Mas a urina ela falou que nem precisava ser a primeira do dia”, “Não, não precisa. Se quiser eu te dou os potes pra colher a urina e as fezes.”

Eu, que já estava quase grudando no pescoço dessa mulher que estava trabalhando de extrema má vontade, lembrei de repente do pote de merda no meu bolso e disse: “As fezes já estão aqui” enquanto pegava o potinho e ela disse: “Não!!! Precisa abrir o cadastro dos exames todos juntos”, “Mas daí eu trago as fezes de novo amanhã?”, “Não!!! Tem que ser fresca...”

...

E ONDE VOCÊ QUER QUE EU ENFIE ESTA MERDA??? DE VOLTA NO CU???

Puta que pariu. Não falei isso. Eu sou educado. Também não arremessei o pote de fezes contra a fachada do laboratório, apesar de ficar extremamente tentado. Acabei dispensando-a em uma caçamba. Mas estava puto.

Fiquei puto com o descaso. Puto com a maneira como tratam o paciente. Como um ignorante, como um simples provedor de doenças, de dor, que para eles significa lucro. Lucro principalmente para os convênios de saúde.

Isso é muito errado. A saúde de um povo tem que vir acima de qualquer possibilidade. Se existe pesquisa, existe conhecimento e existe técnica, a saúde deve ser considerada patrimônio mundial e, assim sendo, ser executada de maneira imparcial, sem qualquer descriminação, seja raça, classe sexo, qualquer. Uma pessoa não tem que ter dinheiro para garantir seu direito de vida. Ele deve ser preservado até a última instância.

Parece um pouco de overeacting para o que me aconteceu, mas é que eu estava nos melhores hospitais, fui maltratado mas estou vivo. Só que eu não posso deixar de pensar no SUS, na rede pública, ou até em hospitais particulares rumo à falência, onde centenas de pessoas morrem por falta de recursos.

Inventou-se uma nova doença. A falta de dinheiro. E ela pode causar a morte.

Só vejo uma maneira de terminar este texto: defendendo um sistema de saúde universal, como existe na França, como existe em Cuba. Onde a pessoa é bem tratada, onde os médicos, enfermeiros e demais funcionários são bem pagos e não vão selecionar pacientes. Onde as doenças possam ser curadas pelo amor à vida e não pelo cheque mais gordo.

Toda vida tem o mesmo valor. Todo ser humano tem direito a vida.

Assita o filme Sicko, de Miachel Moore. Fala do sistema de saúde americano, mas ele é bem similar ao brasileiro no quesito convênios. Também mostra como funciona em Cuba e na França.

http://www.youtube.com/watch?v=Yd0_neRiR-E




Originalmente publicado em http://fotolog.terra.com.br/verbo01:43 -
10/12/2008 23:49

To Reach the Unreachable Star !!!

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......Estou passando por uma fase de questionamentos. Questionando minha moral, questionando meus caminhos. Tem horas que eu me sinto perdido.
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......Coloco a vida na balança e não consigo perceber se tive mais êxitos ou mais fracassos. Os dois lados pesam, mas eu ainda não sou bom em aceitar os fracassos e ultimamente não tenho nem aceitado os êxitos.
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......Um grande problema meu: síndrome de superioridade.
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......Eu sei que preciso ser mais humilde, eu sei que preciso ser mais verdadeiro comigo mesmo, mas eu acabo magoando, irritando sem perceber. Me desculpem se eu já fiz vocês se sentirem assim. Me desculpem se em algum momento eu menosprezei a sua capacidade, o seu ideal. Não era minha intenção.
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......Minha intenção é e sempre foi ajudar, fazer o bem, fazer o melhor. Isso brilha tão forte na minha face que chega a me cegar e eu acabo atropelando todo mundo, inclusive as pessoas que estão me dando suporte.
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......Me desculpem. Eu preciso mudar e vou conseguir. Eu não sou de desisitir. Normalmente eu sou o último a desisitir. E isso provavelmente é uma das causas do problema. Eu não desisto nem quando eu estou errado, quando já deixei na mão todos os que tinham esperança em mim.
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......Mas deixado isso claro, eu vou procurar manter a calma. Vou tentar não mais me irritar, vou tentar não mais atropelar, não mais desesperadamente buscar os fins e aproveitar a jornada em paz.
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......Ouvi do meu primo os motivos do meu fracasso. E dele também ouvi as possibilidades do meu sucesso. Eu preciso fazer o que eu sempre fiz de melhor.
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......Acreditar!!! Sem facismo, sem unilateralismo... Mas com toda força que o universo me proporcionar.
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......Então deixo à vocês a clássica letra da música “The Impossible Dream” do musical “Man of La Mancha”, que explicita bem o sentimento que eu preciso recolocar na minha alma.
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To dream the impossible dream
To fight the unbeatable foe
To bear with unbearable sorrow
To run where the brave dare not go
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To right the unrightable wrong
To love pure and chaste from afar
To try when your arms are too weary
To reach the unreachable star
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This is my quest
To follow that star
No matter how hopeless
No matter how far
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To fight for the right
Without question or pause
To be willing to march into Hell
For a heavenly cause
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And I know if I'll only be true
To this glorious quest
That my heart will lie peaceful and calm
When I'm laid to my rest
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And the world will be better for this
That one man, scorned and covered with scars
Still strove with his last ounce of courage
To reach the unreachable star
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Sonhar o sonho impossível
Lutar com o inimigo imbatível
Suportar a tristeza insuportável
Correr onde os corajosos não arriscam
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Endireitar o maior dos erros
Amar puro e casto à distância
Tentar quando seus braços já estão cansados
Alcançar a estrela inalcançável
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Esta é minha missão
Seguir esta estrela
Não importa quão sem esperanças
Não importa quão distante
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Lutar pelo que é certo
Sem se questioner ou hesitar
Estar disposto à marchar ao inferno
Em nome de uma causa divina
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E eu sei que se eu for verdadeiro
A esta gloriosa missão
Que meu coração vai deitar-se calmo e em paz
Quando eu tiver meu descanso
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E o mundo ficará melhor graças a isso
Que um homem abandonado e ferido
Ainda lutou com sua última gota de coragem
Para alcançar a estrela inalcançável
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Links Interessantes:
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http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Homem_de_La_Mancha - SOBRE A PEÇA
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Dom_Quixote - SOBRE O LIVRO
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http://www.youtube.com/watch?v=MCL4cA7hhPo - CENA DA PEÇA
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http://www.youtube.com/watch?v=RfHnzYEHAow - CENA DO FILME
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http://www.youtube.com/watch?v=YikMhfKmBrY&NR=1 - VERSÃO DO ELVIS
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http://www.youtube.com/watch?v=CgbfH4D9QFU - MARIA BETHANIA CANTANDO LETRA DE CHICO BUARQUE
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http://www.youtube.com/watch?v=STgWyYH05ng - COMERCIAL DA HONDA CANTADO POR ANDY WILLIANS



Originalmente publicado em http://fotolog.terra.com.br/verbo01:41 -
04/12/2008 01:53

Aforismos

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Minhas idéias me atormentam... Fico pensando, pensando e pensar parece não ser a melhor saída. De que vale o saber se não se pode proferi-lo. Se ele é crucificado, maltratado, marginalizado pela sociedade pós e=mc2. Todos sabem um pouco de tudo, mas ninguém entende bosta nenhuma.

E aí queremos ter opinião, queremos ser críticos. Falar mal, reclamar, apontar o defeito daquilo que já está feito é muito simples. Basta um mínimo de olhar, que alguns nem mesmo tem.

Vem falar da crise, vem falar de moda. A porra da crise é imaginária e a moda é e sempre foi passageira. E domingo após domingo você acredita no Zeca Camargo. Um cara que fica fazendo caretas enquanto lê o texto. E ganha muito mais do que a gente pra fazer isso.

Momento de pessimismo? Nem um pouco... Fazem duas semanas que não fumo um cigarro, tô correndo todas as noites (caminhando com suor), tô meio que conseguindo sobreviver com freelas... Tô bem, obrigado.

Certa vez eu disse que não existem pessoas reais, que era preciso recriá-las. Sinto a necessidade de explicar isso um pouco mais. As pessoas estão tão infectadas pelo consumismo desenfreado que já não sabem mais quem são. Compro logo existo. Claro que não basta comprar, tem que ter o esnobar, tem que ter o esbanjar... Sou visto logo existo. Ótima definição para essa sociedade que necessita de reality shows para se sentir parte do topo.

E nem é minha essa tese...

Recriar-te seria zerar sua vida, seus desejos, suas ambições e começar de novo do zero, mas dessa vez de verdade. Não fazer medicina porque o papai gosta, não comer alcachofra porque a mamãe quer. Não se sujeitar, não se rebaixar, não se fuder e gastar sua saúde derretendo aço, limpando chão, servindo, bajulando, lambendo as migalhas que desprendem do caviar.

Não, não é discursinho comunista moderno, não é passeata anarquista pessimista. Não cabe nem a mim definir do que se trata isso tudo. Mas há quem pareça saber das coisas, quem pareça atingir um nível de sabedoria muito mais pleno. E essas pessoas são intocáveis. Nada pode abalar sua quietude, sua tranqüilidade. Estão sentadas no topo do universo, olhando para nós, pobres imbecis, gladiando por sucesso, por dinheiro, por poder.

Podem estar em iates ou debaixo de pontes. Não importa. São os raros seres que conseguiram vencer seus maiores vícios, os seus desejos e, a partir daí, tornaram-se homens livres de verdade. Homens sem necessidade nenhuma que não seja de sua própria vontade.

Você entende o que é não precisar de aprovação alheia para nada? Ora pense bem, você por acaso conhece alguém assim? Creio que não. Até os mais radicais estão querendo divulgar sua atitude radical. Até os que chegam perto de se livrar de todos seus desejos às vezes ficam presos justamente no desejo de ser um homem livre.

Tenho medo desse caminho. Já disse antes e repito. Tenho apenas 26 anos. Mal comecei a trabalhar. Não me parece legal desistir de sonhar com iates, viagens, casa própria. Meu salário me ensinou essas coisas há tão pouco tempo. Não pude nem matar a vontade de sonhar à respeito...

Mas confio no que dizem aqueles que a mim parecem serem mais sábios. Que esse caminho é o da verdadeira felicidade. O caminho do homem livre. Difícil abrir mão de sonhos materiais, desejos consumistas... Fazer o que...

O medo me acompanhara por um tempo ainda. Mesmo eu não tendo a necessidade de “ser visto” para existir, minha existência ainda está comprometida por aqueles que me vêem. Mesmo que eu não me importe em não ser aceito por esse ou aquele grupo, o importar deles me afeta e por me afetar me enche a cabeça. Volto no mesmo ponto. Não desejar nem a mínima reação de resposta. É o famoso “foda-se o mundo” só que de maneira mais polida.

Eu que tantas vezes tentei mudar as coisas em minha volta em nome do bem maior, percebo que a única mudança necessária, a mais difícil delas, é a minha própria, consequentemente, a de todos vocês!




Originalmente publicado em http://fotolog.terra.com.br/verbo01:40 -
24/10/2008 03:15

Here comes the sun... It's all right...

Talvez nem todos vocês saibam, mas eu sou um fã do inverno. Sinto-me mais à vontade no frio do que no calor.

Agora o calor chegou de vez. O frio ainda tentou se despedir semana passada com chuva e umidade, mas agora o sol já está bombando.

O que será de nós no verão??? Eu que sou tão calorento assim, que precisa do clima mais frio, deveria me preocupar mais com aquecimento global. Eu serei um dos primeiros prejudicados. Aliás, até já estou sendo, pois hoje já queimei meu rosto...

Use Sunscreen...

Mas quem sou eu para ficar reclamando... O calor tem diversos lados positivos. As noites por exemplo. É tão bom sair à noite de bermuda e chinelo. É tão bom encontrar pessoas nas ruas. Já que ninguém aguenta o calor mesmo tem que sair pra se refrescar...

E aí a gente refresca a mente com saias, shortinhos, tomara que caia etc... Pele por todos os lados. Tudo muito mais caliente, mesmo...

Outra coisa, hoje, além de oficialmente estar declarado o calor, também é noite de lua cheia, e que noite mais perfeita para se dar uma caminhada...

Eu fui até me exercitar, coisa que eu não fazia há tempos. Fui caminhar no parque das águas aqui perto de casa, em Sorocaba.

Eu fui para matar a ansiedade que estava sentindo por vontade de fumar. Hoje é meu segundo dia sem colocar um cigarro na boca. E como todo mundo sabe que cigarro e exercício não combinam, quando eu senti vontade de fumar, fui caminhar...

Tá dando certo até agora. Espero que continue... Sem fumar e fazendo exercícios eu vou estar bem mais preparado para quando o verão chegar...

Mas chega de blá blá blá... É isso aí... Bye bye frio... Bem vindo calor!!!

Salve, salve!



Originalmente publicado em http://fotolog.terra.com.br/verbo01:39 -
13/10/2008 22:25