quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Aforismos

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Minhas idéias me atormentam... Fico pensando, pensando e pensar parece não ser a melhor saída. De que vale o saber se não se pode proferi-lo. Se ele é crucificado, maltratado, marginalizado pela sociedade pós e=mc2. Todos sabem um pouco de tudo, mas ninguém entende bosta nenhuma.

E aí queremos ter opinião, queremos ser críticos. Falar mal, reclamar, apontar o defeito daquilo que já está feito é muito simples. Basta um mínimo de olhar, que alguns nem mesmo tem.

Vem falar da crise, vem falar de moda. A porra da crise é imaginária e a moda é e sempre foi passageira. E domingo após domingo você acredita no Zeca Camargo. Um cara que fica fazendo caretas enquanto lê o texto. E ganha muito mais do que a gente pra fazer isso.

Momento de pessimismo? Nem um pouco... Fazem duas semanas que não fumo um cigarro, tô correndo todas as noites (caminhando com suor), tô meio que conseguindo sobreviver com freelas... Tô bem, obrigado.

Certa vez eu disse que não existem pessoas reais, que era preciso recriá-las. Sinto a necessidade de explicar isso um pouco mais. As pessoas estão tão infectadas pelo consumismo desenfreado que já não sabem mais quem são. Compro logo existo. Claro que não basta comprar, tem que ter o esnobar, tem que ter o esbanjar... Sou visto logo existo. Ótima definição para essa sociedade que necessita de reality shows para se sentir parte do topo.

E nem é minha essa tese...

Recriar-te seria zerar sua vida, seus desejos, suas ambições e começar de novo do zero, mas dessa vez de verdade. Não fazer medicina porque o papai gosta, não comer alcachofra porque a mamãe quer. Não se sujeitar, não se rebaixar, não se fuder e gastar sua saúde derretendo aço, limpando chão, servindo, bajulando, lambendo as migalhas que desprendem do caviar.

Não, não é discursinho comunista moderno, não é passeata anarquista pessimista. Não cabe nem a mim definir do que se trata isso tudo. Mas há quem pareça saber das coisas, quem pareça atingir um nível de sabedoria muito mais pleno. E essas pessoas são intocáveis. Nada pode abalar sua quietude, sua tranqüilidade. Estão sentadas no topo do universo, olhando para nós, pobres imbecis, gladiando por sucesso, por dinheiro, por poder.

Podem estar em iates ou debaixo de pontes. Não importa. São os raros seres que conseguiram vencer seus maiores vícios, os seus desejos e, a partir daí, tornaram-se homens livres de verdade. Homens sem necessidade nenhuma que não seja de sua própria vontade.

Você entende o que é não precisar de aprovação alheia para nada? Ora pense bem, você por acaso conhece alguém assim? Creio que não. Até os mais radicais estão querendo divulgar sua atitude radical. Até os que chegam perto de se livrar de todos seus desejos às vezes ficam presos justamente no desejo de ser um homem livre.

Tenho medo desse caminho. Já disse antes e repito. Tenho apenas 26 anos. Mal comecei a trabalhar. Não me parece legal desistir de sonhar com iates, viagens, casa própria. Meu salário me ensinou essas coisas há tão pouco tempo. Não pude nem matar a vontade de sonhar à respeito...

Mas confio no que dizem aqueles que a mim parecem serem mais sábios. Que esse caminho é o da verdadeira felicidade. O caminho do homem livre. Difícil abrir mão de sonhos materiais, desejos consumistas... Fazer o que...

O medo me acompanhara por um tempo ainda. Mesmo eu não tendo a necessidade de “ser visto” para existir, minha existência ainda está comprometida por aqueles que me vêem. Mesmo que eu não me importe em não ser aceito por esse ou aquele grupo, o importar deles me afeta e por me afetar me enche a cabeça. Volto no mesmo ponto. Não desejar nem a mínima reação de resposta. É o famoso “foda-se o mundo” só que de maneira mais polida.

Eu que tantas vezes tentei mudar as coisas em minha volta em nome do bem maior, percebo que a única mudança necessária, a mais difícil delas, é a minha própria, consequentemente, a de todos vocês!




Originalmente publicado em http://fotolog.terra.com.br/verbo01:40 -
24/10/2008 03:15

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