domingo, 26 de setembro de 2010

Para não dizer que não falei das eleições...

Acho que já ficou claro meu posicionamento nessas eleições e, apesar dos inúmeros e-mails que continuo recebendo, não vejo motivos para mudar meu pensamento. Venho aqui esclarecê-los.

Há um tempo atrás me perguntaram o que eu achava do assistencialismo do Governo Lula, se eu não achava isso uma coisa ruim. Citaram até Jesus falando de "ensinar a pescar" ao invés de "dar o peixe". (apesar de que jesus na bíblia deu pão e peixes pra quem precisava, rsrsrs, mas isso é outra história).

Lembro-me de uma frase que li no início da minha faculdade em Piracicaba, que se não me falha a memória foi escrita por Moacyr Scliar, onde ele dizia "é necessário um mínimo de bens materiais para operar as virtudes da alma". É claro que ele não estava levando em conta os franciscanos, rsrsrs, o que ele quis dizer, ou o que eu entendi dessa frase é que, na sociedade em que vivemos, a falta completa de recursos materiais acaba por excluir as pessoas da própria sociedade, marginalizando-os e deixando-os literalmente nas ruas. Nessas condições, acho difícil exigir que essas pessoas possam agir civilizadamente, são muitas vezes tratados como animais quando não completamente ignorados, o que é ainda pior.

Vivemos em um tempo onde a indústria midiática não fabrica apenas informações. Com a força da publicidade, eles fabricam desejos. Desejos esses que são inseridos na vida das pessoas independente da classe social. O pobre não se satisfaz com um tênis de R$ 50,00, ele também quer o Nike de R$ 500,00 que ele viu na TV. Ele também quer o carro de R$ 80.000 que ele viu na novela... As roupas, a comida, o estilo de vida....

A máxima da direita conservadora, que não cansam de repetir, alimenta a idéia de que é necessário trabalhar duro para conseguir adquirir esse estilo de vida. Entretanto, acabam esquecendo da questão da oportunidade. As pessoas não tem as mesmas oportunidades e o sol não brilha para todos, infelizmente. Muito difícil é uma pessoa pobre passar a ficar rica somente com seu trabalho. Pode acontecer, mas é raro. Muitos não tem educação o que já impede-os de assumirem cargos administrativos em empresas por exemplo. Muitos vão crescer, viver e morrer com um crescimento social muito pequeno. Passam a vida trabalhando duro para conseguir sobreviver. Não é a toa que muitos vão para o crime. Se a desigualdade social diminuísse consideravelmente, também diminuiria a criminalidade.

Com o assitencialismo, aka bolsa família por exemplo, é possível que essas pessoas que possuem renda baixíssima, possam ter um mínimo de decência em suas vidas. Não vou ficar aqui dizendo que não existam casos de pessoas que realmente deixam de trabalhar para ficar sendo sustentados pelo governo, mas também não podemos achar que são a maioria. Para muitos, o bolsa família não é suficiente para manter-se. Ele é uma ajuda, uma maneira de se dividir melhor as riquezas do país, cobrando impostos de quem pode pagar e ajudando quem não tem nem o que comer.

Como separar o vagabundo do necessitado, então, provavelmente é uma questão que chega a mente. Digamos assim, existem dois cachorros aparentemente iguais, só que um ajuda o pastor a cuidar do rebanho e o outro dorme o dia inteiro. Chega de noite eles estão esperando a comida e o pastor não consegue identificar qual é o trabalhador e qual é o vagabundo. O que fazer?

Podem existir diferentes opiniões. A minha é muito simples. Eu prefiro alimentar o vagabundo do que deixar o trabalhador morrer de fome. Talvez você pergunte, mas e se não houver comida para os dois? Pois é... Fode tudo, rs... Esse sistema serve melhor para quando se há disponibilidade de recursos.

Então se pensarmos na situação atual, onde o Brasil está crescendo, as dívidas estão sendo pagas, a produtividade aumentando, creio ser ideal o momento para se discutir o assitencialismo, pois é a primeira vez que é possível faze-lo.

Não consigo achar errado ajudar aqueles que precisam e não consigo achar certo não ajudá-los por causa de maçãs podres. Então como diminuir o número de maçãs podres? Vem um segundo passo de um plano de governo, que eu espero que o partido que for eleito passe a dar mais importância, que é a educação de qualidade.

Educação e cultura são na minha opinião a melhor forma de melhorar o país a longo prazo, e justamente não tem tido a devida atenção pois é o curto prazo que traz votos. Com uma educação decente, o país terá gerações mais informadas, capazes de tomar as rédeas de sua vida ao invés de serem massa de manobra. Eu sei disso, você sabe disso e os políticos também sabem disso. Porque a demora?

Dois motivos: interesse e estratégia. Interesse é o problema. Quando se colocam interesses pessoais acima das questões importantes, a maioria sai perdendo. Muito difícil é tirar todos os corruptos da máquina do poder e eles ainda vão continuar por um bom tempo. Na minha opinião, o caminho a ser tomado é o mais trabalhoso, mas é o que trará melhor resultados: colocar mais gente honesta no poder. Pouco a pouco, conforme for aumentando a quantidade de pessoas de bem no governo, menor será o espaço para os mal-intencionados agirem. A única maneira de mudar um governo da noite pro dia é derrubando-o e, convenhamos, não estamos no momento de tentar nada do tipo.

Sobra-nos a segunda questão, estratégia. Tento entender a estratégia dos dois partidos majoritários para chegar em conclusões. Nada me agrada a estratégia do PSDB na área da educação que podem ser vistas aqui mesmo no estado de São Paulo. Havia um grande número de pessoas que abandonavam as escolas sem concluir seus ensinos. Quando analisaram mais de perto perceberam que a maioria das desistências era após o aluno repetir de ano. O que o nosso governo fez? Acabou com a repetência em escolas públicas. Estratégia na minha opinião idiota e cheia de interesses pois, ao mesmo tempo que acalmou a massa revoltada, possibilitou uma falsa melhoria em termos numéricos, usada exclusivamente para eleições. O que aconteceu depois? Começamos a ter um número gigantesco de alunos chegando na quinta, sexta, sétima série praticamente analfabetos. Um horror no ponto de vista sociológico. O que então o governo fez para remediar a situação? Passou a colocar duas professoras na primeira série para diminuir as chances desses alunos passarem de ano semi-alfabetizados. Ora... Isso não é ensino de qualidade, isso é tapar buraco, um atrás do outro e me assusta qual será o próximo buraco a ser tapado. Não quero que essa política de educação tome um âmbito nacional.

Por outro lado o PT que pouco ou nada fez pela educação do país. Na verdade a única coisa que fez realmente foi o aumento de universidades federais como nunca antes visto. Isso foi bom, mas não é nem perto do suficiente. É preciso melhorar a qualidade de ensino em todo o país, para todas as idades. Qual é então a estratégia do PT? É um plano de governo a longo prazo. Primeiro passo: tirar as pessoas da miséria. Permitir ao povo um mínimo de decência, de civilização, de dinheiro. Mesmo que nós é quem tenhamos que pagar por isso. Como eu disse antes, as pessoas não tem as mesmas oportunidades. Mesmo que tenhamos construído uma vida melhor, geração após geração, devemos lembrar que nossas gerações passadas vieram da Europa. Chegaram aqui sem dinheiro, com certeza, mas chegaram aqui com cultura e educação. Nas famílias pobres, a maioria dos ancestrais foram escravos. Chegaram aqui "sequestrados" de seus países e tiveram sua cultura e sua educação dizimada, quando não proibida.

Muito mal foi feito no passado e não podemos simplesmente falar: "ah... aconteceu... Bola pra frente". Existe uma dívida cultural pelos males feitos por nossos ancestrais que nós precisamos pagar. E pode ter certeza que o bolsa família não é suficiente.

Eu vejo por exemplo a questão do sistema de cotas nas universidades para negros. Quando ouvi a primeira vez fiquei furioso. Eu pensava: "isso é mais preconceito do que ajuda. Como alguém entra na faculdade sem vestibular? Vão roubar minha vaga só por causa da raça. É preciso fazer por merecer para se estar na faculdade. Isso é desculpa de político para não melhorar o ensino público etc."... Hoje já penso diferente. Há longo prazo, as gerações que virão a seguir das pessoas que entraram na faculdade pelo sistema de cotas, trarão maiores benefícios ao país. Um número maior de pessoas sem condições de pagar por um ensino de qualidade poderão mudar um pouco a realidade de onde vieram. Os benefícios são vários e os prejuízos são poucos. Convenhamos, quem tem dinheiro para pagar colégio particular para os filhos pode na maioria das vezes pagar faculdade particular também. Passei a entender que o sistema de cotas não era uma solução, mas um caminho para a mesma. E entendendo como caminho, passei a achar uma boa decisão.

Até porque, com essa mercantilização do ensino superior, onde novas faculdades são abertas como banca de jornal, não é mais uma preocupação das famílias de classe média pra cima se o filho vai entrar em uma faculdade de prestígio. Basta que entre em uma faculdade e vagas é o que não faltam.

Voltando agora ao início do texto, na questão sobre o assistencialismo. Eu acho realmente necessário, até que as pessoas possam andar com as próprias pernas. Não podemos deixar que pessoas passem a vida em total miséria só porque achamos que algumas delas vão se aproveitar da situação. Não acho que as pessoas ignorantes devam pagar por serem ignorantes. A maioria nunca teve oportunidade de educação de qualidade. Então já que nós tivemos, não nos custa doar um pouco.

Agora, quanto ao fato de acusarem o PT de que isso é uma maneira legal de se "comprar votos", aí já é mídia golpista, que o PSDB tem se especializado durante essas eleições. Basta lembrarmos que o Bolsa Família nada mais é do que uma expansão do Bolsa Escola sob nova roupagem, e que o Bolsa Escola foi criado pelo governo FHC.

Deixando claro que eu não acho que o governo FHC foi ruim, acho que ele fez muita coisa boa sim, mas tomou algumas decisões erradas. Acredito que o governo Lula deu continuidade à tudo de bom que o governo FHC conquistou e tomou decisões melhores onde o primeiro errou. É a evolução natural e dou graças por estarmos evoluido em uma velocidade tão grande.

Agora, baixar o nível nas eleições realmente eu acho feio para o PSDB. Não precisavam disso. Poderiam ter feito uma campanha mais limpa, sem golpismos de baixo calão, sem precisar das grandes mídias tentando derrubar a Dilma ou diminuir a popularidade do Lula, sem a Veja precisar dedicar as últimas "n" capas a denegrir a imagem dos dois. Na minha opinião esse tipo de atitude demonstra desespero e falta de ética. Faz bem o Aécio de querer sair fora do partido, assim como fez bem ao pessoal do PSOL sair do PT quando suas ideologias deixaram de ser as mesmas. Em uma verdadeira democracia as idéias nunca devem ser as mesmas, sempre deve haver o debate.

Como disse outras vezes, meu voto vai pra Marina. Motivos: Primeiro, voto no PV desde que tinha 18 anos (com 16 votei por indicação paterna, hehehe). Segundo, sempre me preocupei com questões ambientais e na atualidade essas questões estão cada vez mais urgentes. Terceiro, acredito em uma aliança PV/PT pós-eleição caso qualquer um dos dois venha a ganhar e acho isso uma coisa boa. Votei no Lula nos dois mandatos e creio que meu voto valeu a pena.

Em termos de corrupção, muito me entristece ver tanta merda no atual governo. Só que também tinha muita merda no governo anterior, e por favor não me diga que não. A diferença é que o PSDB, com apoio da grande mídia, tem feito um papel muito mais eficaz de denúncia rsrsrsrs... Pelo menos até antes dessa eleição, por que agora virou palhaçada...

Entenda que isso não significa que o povo passou a achar normal esse tipo de atitude. Eu pelo menos não acho. Não estou contente com o PT em vários aspectos, exemplo a aliança com o PMDB. Entretanto, o Brasil como um todo tem mais a ganhar com o Dilma no Governo do que com Serra. E Lula vai deixar seu cargo de maneira honrosa, premiado e condecorado em diversos países, indicado como o líder mundial mais influente da atualidade.

Tenho orgulho disso. Tenho orgulho de ter votado no Lula para presidência do Brasil e do papel que ele tem feito. Sei que isso não soa bem aos ouvidos de todos, mas não se preocupe, o plano é de longo prazo. Um dia tudo fará sentido.

Realmente espero que o candidato que assumir faça um trabalho melhor que o de Lula. Assim o Brasil só tem a ganhar.

As eleições estão chegando... Este texto já pode ser lido como minhas considerações finais.


Abraços

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ei, Dotô... Vai se foder !!!

Já expressei aqui nesse blog meu descontentamento com a maneira que funciona o sistema de saúde no Brasil. Cada vez mais parecem nos tratar como simples mercadoria, apenas mais um número no contra-cheque. Justamente quando estamos doentes, quando nosso psicológico está em estado de alerta por não termos conhecimento para saber o que está acontecendo conosco, somos tratados como se isso não importasse.

Doutores, diplomados, respeitados... Perderam meu respeito. Hoje em dia vale mais confiar na wikipedia do que em um médico. Com o médico você nunca sabe se o mesmo está sendo displicente, se está dando a devida atenção ao seu problema ou se realmente vai fazer o possível e o impossível para te ajudar. Já a wikipedia pelo menos tem um monte de moderadores de olho.

Na boa... Se você está se formando em medicina, ou pensando em virar médico, aí vai um aviso: Status de cu é rola !!! Se você quiser realmente seguir essa carreira, lembre-se de qual é a sua função, que é ajudar aqueles que precisam... Tratar as pessoas e tratar BEM... CUIDAR !!! CURAR !!!

Não é difícil entender...............

Porém está cada vez mais difícil encontrar um profissional competente.

A história que publico abaixo aconteceu com um grande amigo meu, José Roberto, também conhecido como Jota. Ele me pediu para postar sua carta aqui para tornar pública a sua decepção e insatisfação.

Não dá pra não ficar indignado...

Segue abaixo na íntegra:

"Ao dia dezessete de Agosto, após consulta prévia, tive que me submeter a um pequeno procedimento cirúrgico para a extração de algumas verrugas na base do meu pênis.

Antes de marcar o procedimento, me foi pedido um exame de urina, o qual eu realizei e deixei os resultados no consultório do médico responsável, o urologista Roberto Tarpiniam. Ao chegar o dia dezessete, fui ao consultório e o procedimento cirúrgico foi realizado. Após o término perguntei ao médico sobre os resultados do exame de urina. Para minha surpresa, o doutor Tarpinian me informou que não havia recebido exame nenhum. Depois, ainda no mesmo dia, descobriu-se que o exame estava lá, mas não na minha pasta de paciente, local sabido por médicos e pacientes ser aonde os exames devem ser arquivados.

Depois de retiradas, duas verrugas foram colocada em um frasco e confiadas à mim para encaminhá-las ao laboratório responsável pela biópsia. Esse mesmo laboratório me informou que os resultados sairiam em cinco dias úteis e seriam entregues no consultório aonde trabalha o doutor Tarpinian. Seis dias úteis depois liguei ao consultório apenas para ser informado que os exames não estavam lá. Já tendo experimentado a falta de profissionalismo anteriormente e temeroso pela minha saúde, em um momento de destemperança, usei uma palavra de baixo calão, pedi à secretária que desculpasse meu linguajar, mas que era “minha pica que estava em jogo”.

Na semana seguinte, entrei em contato com o laboratório responsável pela biópsia, fui então informado que os resultados dos meus exames estavam prontos desde o dia vinte e três de Agosto. Liguei mais uma vez ao consultório do doutor Tarpinian e fui mais uma vez informado que meus resultados não haviam chegado. Relatei sobre minha ligação ao laboratório e informei que tomaria providências

Dois dias depois, em um acontecimento conveniente demais para ser chamado de coincidência, recebo uma ligação dizendo que agora sim meus resultados haviam chegado. Foi marcado um retorno para hoje, dia oito de Setembro.

Não me senti ofendido quando o doutor me perguntou se eu queria que os resultados mostrassem HPV, também não me ofendi quando o doutor Tarpinian ergueu sua voz e condenou o meu comportamento enérgico. Minha indignação veio quando ele não quis responder o porquê de meu exame de urina não estar na minha pasta na ocasião da cirurgia, ou ainda o motivo do misterioso atraso dos resultados da biópsia. Na verdade, o doutor Roberto Tarpinian não me concedeu em nenhum momento a chance de me expressar, e me recomendou que nunca mais retornasse ao seu consultório.

Recomendação inútil, é claro. Já tinha chegado a essa conclusão por conta própria. O que me fez chegar tão rápido a tal decisão foi o choque de constatar que um dos urologistas mais considerados da cidade se colocasse tão inconformado com “pica” e tão confortável com o comportamento omisso de sua equipe."