quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Quem escolhe os porquês...

Como é cheia de loucuras essa vida. A gente planeja, se organiza, se prepara e vai à luta. Tentando sempre encontrar maneiras de atingir os objetivos, de dominar as variáveis de nosso mundo. Esquecendo-se muitas vezes que não temos controle sobre nada nessa vida.

Sem problemas. A vida dá um jeito de esfregar isso na nossa cara. Seja de maneira cômica ou trágica.

A cargo de exemplo, dia 27 fui no show do AC/DC com meus camaradas. Fã de rock, com tattoo comprobatória, não podia perder esse show. Comprei o ingresso de um cambista com antecedência. Fui pra São Paulo um dia antes. Me reuni com grandes amigos e fomos em caravana. Trânsito, caminhos errados, pessoas sem ingresso que precisavam passar seiláonde pra pegar… Mil obstáculos…

Chegamos, enfim. Estádio do Morumbi. 30 minutos antes do início do show. Ufa… Pegamos a fila. Passamos por uma checagem de ingresso. Continuamos na fila. Passamos pela revista. Última fila, antes das catracas. Entreguei o ingresso e acendeu uma luz vermelha.

Gelei… Meus amigos passando. Tentei de novo. Vermelho, me pediram para esperar ao lado da fila. Pronto, pensei, me fudi… Uma moça veio conversar comigo. Eu achando que seria ela quem poderia resolver meu problema, mas ela simplesmente pôs a mão no meu ombro e disse: “Agora é a hora da verdade e seu ingresso é falso” e já foi me empurrando pra fora da fila. Eu tentei argumentar mas ela não abriu espaço para conversa. Me empurrou em um canto onde haviam já algumas dezenas de pessoas praticamente chorando por terem adquirido ingressos falsos também.

Fudeu, pensei na hora. Meus amigos já dentro do Morumbi. 10 minutos para o início do show do ano. Eu do lado de fora. E agora? E agora? Andando de um lado para o outro, inconformado, desesperado, só pensando: e agora? E agora?

Perdi. Acabou. Dancei. Fui enganado e é isso aí. Perdi 300 reais e o show….

Nisso aparece a providência divina. Um cara com dois ingressos na mão, dizendo querer vender um deles. Falei na hora: Eu compro, quanto vc quer? O cara falou que pagara 300 tbm e queria saber quanto eu podia oferecer. 7 minutos para o início do show.

Ofereci 50 reais. Ele falou que eu estava louco. Contei toda minha história pra ele. Quase chorei. Abri minha carteira e mostrei: Olha cara. Tem 52 reais. É tudo o que eu tenho. Me vende pelamordedeus!!!! O cara deu um suspiro longo e falou: beleza.

Pulei de alegria. Nem perguntei o nome dele. Peguei o ingresso e entrei no show, que por sinal foi sensacional… Amigo desconhecido que me vendeu o ingresso: Muito obrigado!!!!

Como queremos ter controle da situação quando a vida nos apresenta situações tão incomuns??? Como queremos saber mais do que a essência do universo?? Controladora de tudo na realidade…

Outro exemplo, nesse final de semana. Trabalhando pro Éh! Lance. Fomos entregar os produtos pessoalmente no Paraná. Muito alto-astral, pé na estrada, lugares novos, pessoas receptivas e hospitaleiras, o site dando certo... Tudo correndo perfeitamente.

Em Curitiba resolvemos sair de balada. Aproveitar a cidade e comemorar. Fomos em uma balada sertaneja chamada Woods. Nunca tinha ido, nem curto sertanejo, mas entramos na faixa graças a uma amiga do meu primo, então aproveitamos para curtir.

Sei lá de onde, sei lá por que, uns caras começaram a folgar com a gente. Ficaram encarando, falando merda e nós, bêbados, acabamos respondendo. Quando se está tão bêbado tudo acontece muito rápido e quando percebi já estávamos do lado de fora da balada, de dia, com os caras sem camisa querendo bater na gente.

Um deles era professor de Muay Thai. Nem vi a hora que me acertou. Só sei que fui parar no hospital. Tornozelo quebrado, anestesia geral, 3 horas de cirurgia e 12 pinos na perna. E estou aqui. Na minha casa, com os pinos eternamente dentro de mim, com a perna engessada por pelo menos mais 2 meses. Tentando ter controle da situação.

Como que um cara que odeia brigas entra em uma? Como que uma pessoa que só quer fazer o bem para os outros acaba sendo o maior prejudicado de uma briga sem motivo??

Pois a mesma força universal que me conseguiu um ingresso do AC/DC é a força que quebrou meu tornozelo. A mesma energia que me levantou no Morumbi foi a energia que me derrubou no meio-fio…

A mesma energia pela qual eu rezo todas as noites, pela qual medito todos os dias, pela qual eu agradeço, é a energia que me dá e que tira de mim. Aliás, de todos nós.

E se eu acredito que em sua essência se trata de uma energia benevolente, que não deseja nenhum mal a mim, nem mesmo à qualquer outro ser, então me vejo obrigado a acreditar que não cabe à mim entender porque as coisas acontecem. Cabe à mim simplesmente aceitar e seguir em frente.

Cabe à mim confiar nas forças do universo e me guiar através dos sinais que me são mostrados. Sendo nós tão pequenos e o universo tão infinito, talvez nossas ações sejam na realidade desprezáveis e as grandes mudanças no rumo de nossas vidas estejam fora do nosso controle.

Resta acreditar estarem em mãos que sabem o que fazem.

2 comentários:

  1. verdadeiramente e honestamente sensacional meu caro amigo!

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  2. Bom texto. Sinto pelos pinos, que estou acompanhando via tuíter.

    Abraço

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