Decidi tomar uma importante decisão na minha vida, que me levará por um caminho difícil, que promete ser recompensador. Vou me livrar dos meus vícios.
Estou lendo alguns livros muito interessantes sobre espiritualidade ultimamente e, em todos eles, os autores frisam a importância de não se ter vícios.
Seja literalmente ou seja na old school católica, não cair em tentação, a verdade é que para ter plenitude na sua vida, em carne e espírito é preciso ser um homem livre.
Como pode alguém se chamar de livre se não sai de casa sem carro, se não pode ficar sem cigarro, se não pode perder a novela. Isso não é liberdade, mas ninguém percebe. Somos presos pelos nossos próprios desejos, sendo eles fatores que causam dependência química ou não.
Por muito tempo fui considerado um louco. Não patologicamente mas por me diferenciar da massa. Assim como vários amigos também "loucos", nunca pude me satisfazer com o lugar comum e sempre busquei o novo.
Nessa brincadeira de ser louco experimentei muitas coisas. Entorpecentes, alimentos, lugares, pessoas, pontos de vista... Experimentei o máximo que pude e continuo a experimentar. Recentemente passei por uma das maiores loucuras da minha vida. Abri uma empresa, cortei o cabelo, vesti a camisa e tentei ser normal. Precisava experimentar sob o risco de estar perdendo algo que eu poderia gostar.
E agora vou para a nova experimentação, viver sem vícios. Vai ser difícil, na verdade um sacrifício. Estou fazendo essa escolha por acreditar na palavra de sábios e gurus que dizem que somente separando os desejos da verdadeira vontade é que podemos ser felizes em plenitude.
Eu estou muito confortável com meus vícios e não será fácil eliminá-los. Terei que me esforçar por um longo período de tempo, mas já era hora. Alguns dos meus vícios, por mais que eu goste, já passaram dos limites. Citemos aí comida e cigarro por exemplo.
Não é que eu vá parar com tudo que eu gosto, mas eu preciso ter o controle de todas as minhas ações. Eu quero acender um cigarro por estar com vontade de fumar um cigarro e não por automatização. Eu quero comer quando estiver com fome e não quando ver comida na minha frente.
Um a um eu vou eliminar todos os meus vícios e, na sequência, todos os meus desejos.
Serei vontade. Serei puro. Serei novo.
Talvez os antigos sábios estejam errados. Talvez a felicidade plena não esteja ligada ao corte de prazeres mas sim ao excesso de prazeres, como eu tenho feito, como a humanidade tem feito. Mas se eles estiverem certos, espero não estar atrasado.
Em último caso, vale a pena só o fato de me conhecer sem vícios. De ver um novo lado meu que eu não conheço. Experimentar mais uma loucura.
Fé.
Originalmente publicado em http://fotolog.terra.com.br/verbo01:38 - 02/10/2008 00:29
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