quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Babe, I'm Gonna Leave You

Para ouvir enquanto faz a leitura do texto:



Está decidido! Por mais que me doa, que seja algo difícil, é mais interessante pra mim ir embora e abandonar este relacionamento que construí nos últimos 5 anos do que permanecer sofrendo. 

Não posso mais viver assim. Eu tenho sonhos, tenho aspirações, tenho muito trabalho pela frente e não posso ficar o tempo todo me atrasando para dar atenção a problemas de relacionamento. Chega! Uma hora tudo tem que acabar, então talvez esta seja a hora do meu casamento.

Sei que pareço leviano, mas não sou. Ainda mais quando essa decisão foi tomada logo após ela descobrir que tive um caso com outra mulher. Descobrir, não. Eu que contei. Os motivos de ter contado ainda são um mistério na minha mente, pois foi a pior coisa que eu podia ter feito. Foi como jogar uma granada no colo de um unicórnio e vê-lo tornar-se em um grifo com a explosão.

Ouvi, ouvi e ouvi. Sete dias e sete noites se passaram e eu ainda estava ouvindo o quão desprezível, cínico e hipócrita eu era. Quem, eu? Eu que fui sincero e contei que tive um caso? 

Cínico vou começar a ser agora aqui no texto. Aliás, cínico não é a palavra correta, Sociopata faria mais justiça com esse texto. Agirei como um. 

É incrível pensar que depois que eu traí minha esposa nossa relação sexual se tornou mais ativa. Será que fui eu que mudei? Ou será que foi o instinto de fêmea dela que captou os sinais e precisou de alguma forma garantir a continuidade da espécie através dos seus genes? Não sei. Só sei que trepamos muito e loucamente depois que dormi com outra mulher. Quando bebemos e cheiramos então, nossa!!! Coisa divina dos infernos!!!

Besta fui eu de falar pra ela que achava bom ter deitado com outra mulher pois nosso sexo tinha melhorado. Acordei com uma tesoura no meio das minhas bolas! Literalmente. Ela disse que estava brincando, que jamais faria isso, que foi só pra me assustar. Conseguiu, Agora durmo de olhos abertos.

A questão da separação em si até pode ser egoísta da minha parte. Não quero mais participar do sofrimento da vida dela e por isso vou pular fora. Pode ser. Mas não é por falta de dar tempo, de tentar ser paciente. E não é por falta de medo das coisas piorarem. Há um ano atrás ela tentou se matar. Agora tentou de novo. No meio da loucura quebra as coisas, me xinga, bate o carro. Tenta o êxtase supremo através das drogas que o psiquiatra prescreve misturadas com álcool, mas jamais irá preencher o vazio dessa forma. Não é assim que encontramos redenção. Quando procuramos ela nunca vem. Eu sei, já procurei assim.

Dizem que nosso casamento acabou naquela época da primeira tentativa de suicídio, Pode ser. Resisti mais um ano. Por amor, por crença, por ter medo de abandoná-la e ela fazer alguma besteira. Sei lá. Só sei que a hora é agora. 

Sinto a estrada me chamando, os sonhos, as possibilidades... Ahhhh, as possibilidades. São tantas. Posso até nunca mais encontrar alguém como ela, eu sei. Não acredito, mas é possível. Que eu fique o resto da minha vida azedo e sozinho enquanto ela decida casar e ter filhos com o primeiro babaca que parecer melhor do que eu.

Sei lá essa vida de solteiro como vai ser também. Nunca fui de pegar mulher. Talvez agora eu esteja um pouco mais bem treinado. Ou talvez eu continue minha vida sexual com cartão fidelidade no puteiro. Não sei mesmo. Mas tudo me parece empolgante, tudo me parece interessante, tudo me parece valer a pena.

Difícil vai ser dividir nossas coisas. Não aquelas compradas, mas as que foram construídas com o tempo. Plantas e cachorros, por exemplo. Já sei que não terei nenhum cachorro. E quanto as plantas duvido que terei espaço pra elas no apartamento em São Paulo que eu provavelmente vá morar. 

Mas se eu quero cinema, se eu quero ser artista, se eu quero essa carreira, então a escolha me parece certeira. Oras, até uma ex-mulher me parece cair bem nesse perfil. Por que entre todos seria eu o único que não é socialmente disfuncional? Antes eu não gostasse tanto dos roteiros do Woody Allen, aquele velho escroto.

O que acabei não compartilhando com vocês no meio dessa besteira toda é que não tenho condições de ir embora agora. Pois é. Condições financeiras principalmente. Só pra devolver essa casa pintada vai uns 2 mil reais. Sem contar que não posso fugir direto pra São Paulo pois preciso terminar o meu curta aqui em Campinas. Então eu teria que achar um local temporário aqui pra depois ir pra outro lugar... Não, muito rolo, muito problema. Minha casa também é minha. Ajudei a construir e paguei a maior parte. Vou dar um tempo aqui ainda. Alguns meses.

Como vai funcionar essa relação é que é o grande mistério. Já falei pra ela que queria me separar. Não foi fácil. Mas depois de um tempo ela pegou na minha mão e olhou fundo nos meus olhos, dizendo que eu não iria embora. Que a gente se ama.

Então acho que ela vai tentar me convencer a ficar... 

Só não posso me deixar enganar. Só isso. Porque eu sei como é bom. E já passei por isso outras vezes. Nunca cheguei tão longe, mas outras vezes que havia sentido vontade de ir embora, fui me acomodando pelas coisas gostosas que me cercam, esquecendo que minha vida se torna um inferno a cada 3 giradas do relógio. 

É hora de ser mais radical! Decidi até ficar sem fumar maconha, pois quando eu fumo fico bonzinho e começo a pensar que as coisas não estão tão ruins assim, que podemos consertar, que as coisas vão mudar. Mas não vão, eu sei. Em 1 ano não mudou nada. Em 3 anos mudou tão pouco que eu até já me cansei das mudanças antes de elas acontecerem, de tanto que falei sobre a necessidade delas constantemente. 

Agora, a pior parte realmente é o sexo. Estou evitando transar. Estou inclusive tentando me masturbar sempre que começo a ficar excitado para me aliviar antecipadamente e não correr o risco de cair no meio das pernas dela. Porque o sexo com ela é simplesmente maravilhoso! E uma armadilha muito perigosa. Eu costumo fazer qualquer coisa quando estou embriagado pelo sexo dela. E facilmente desistiria do meu plano. Ainda mais agora que ela está depiladinha.... Não posso nem pensar!

Tenho que lembrar da estrada, do futuro, das minhas grandes aspirações.

Não nasci para ser apenas um. Serei vários. Serei o próximo e buscarei me encontrar em cada esquina, pois me cabe melhor esse papel.

Eu vou. Em breve. Só não me deixar apaixonar novamente.

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