quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Caraminholas

A verdade é que estou infeliz faz tempo. Eu tenho vários momentos felizes. Vivo situações gostosas, engraçadas, divertidas... Mas minhas aspirações estão sempre em outro lugar e, como disse, faz tempo.

Não queria terminar com a Helô, mas parece que não tem mais saída. Tudo o que eu quero pra mim é longe dela. Ou não necessariamente longe dela, mas sozinho. Eu quero ir pra São Paulo, quero estudar, quero me dedicar a minha carreira. Não quero ter que dividir meu tempo com outra pessoa. Quero estar sozinho. Passei do limite dos sacrifícios que eu podia fazer para manter a relação. Não estou mais disposto a me doar tanto assim. Quero seguir meu rumo em alta velocidade e infelizmente não dá mais pra ficar esperando algo que talvez nunca venha.

O foda é que não sei como fazer isso. Não sei como me separar dela. Antes, quando estávamos brigando e ela estava depressiva parecia fácil, mas não o fiz por não achar justo. Ou talvez pois tivesse medo que que ela fosse fazer alguma coisa. Contra mim, contra ela mesmo, sei lá. Ou talvez até por não ter real certeza de que era isso mesmo que eu queria. 

Ainda não tenho na verdade. Ainda mais por agora estarmos aparentemente bem. Quer dizer, não brigamos. 

Aí o que é pior? Falar já e aguentar as consequências sem ter um bom plano ou planejar direito e me separar mais próximo do natal que é quando a mãe dela faleceu e ela estará mais vulnerável. Acho injusto fazer isso com ela. É foda.

Mas acho injusto comigo também voltar atrás e acreditar que é possível tentar mais uma vez. Que agora as coisas serão melhores. Que eu não mais serei infeliz. Vejo já o contrário se formando. Vejo ela sempre exigindo pelo meu carinho e retribuindo apenas do jeito dela, que atualmente não me satisfaz. Vejo as regras sendo dela, como sempre foram, sem que eu possa explorar ao máximo minha criatividade. Vejo os anos passando e ela ainda jogando na minha cara que eu transei com outra mulher. Vejo as coisas do jeito dela e eu sendo infeliz. Vejo eu fazendo ela infeliz ao forçar as coisas do meu jeito.

Não vejo mais futuro, esse que é o resumo da ópera.

I can hear it callin' me the way it used to do...

Vou meter o pé na estrada, como é meu destino. Cinco anos se passaram e não é como se eu nunca tivesse falado sobre isso. Nos enamoramos ao som de "Mania de Ser" do Casa das Máquinas, também chamada de "Pecados Banais". Pois esse é meu pecado, mesmo que banal. Seguir em frente, mesmo quando pros lados.

Ela precisa de alguém melhor do que eu. Não no sentido competitivo, mas alguém melhor pra ela. Eu quero que ela seja feliz. De verdade. Porque eu amo ela, de verdade. Jamais esquecerei as coisas boas que a gente viveu juntos. Porra, foi um casamento. Mas não quero também ser eu o motivo da infelicidade dela. Seja por literalmente encher o saco dela até machucá-la, como eu faço sem querer tantas e tantas vezes, ou seja por me sacrificar tanto pra vê-la feliz a ponto de ela nunca me ver feliz, apenas esmagado com sonhos apagados. E sei que isso a faria sofrer tanto quanto a mim.

Não é isso que se deseja a uma pessoa que se ama.

Não é isso que eu desejo pra gente.

Eu quero que ela seja feliz de verdade. Que ela vá fazer o tão sonhado curso em Cuba. Que ela faça mestrado, que more em Barão Geraldo, que veja suas amigas mais frequentemente, que faça tudo o que tem vontade. E por que não encontrar alguém que cuide dela e a faça feliz do jeito que ela quer? Que a fará se sentir melhor.

Ela é uma pessoa maravilhosa e merece tudo de bom que houver nesse mundo. E acredito que eu também.

E essa talvez seja a maior razão de eu decidir me separar.





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